O que os inibidores da ECA fazem e como eles funcionam?

Escrito por

Wilton de Andrade

Última atualização

03/09/2024

Entenda como funcionam os inibidores da ECA

Talvez sua avó tenha tomado um, talvez seu pai, e agora você também. Sim, os inibidores da ECA existem há tanto tempo, salvando vidas por gerações. Mais de 40 anos atrás, o primeiro inibidor da ECA foi desenvolvido a partir de uma substância redutora da pressão arterial encontrada no veneno de cobra.

Hoje, há 10 inibidores da ECA aprovados pela FDA no mercado. O lisinopril (Zestril, Qbrelis) é de longe o mais comumente prescrito. Outros exemplos incluem enalapril (Vasotec) e benazepril (Lotensin).

Os inibidores da ECA “bloqueiam” uma enzima chamada ECA, que significa enzima conversora de angiotensina. Mas como isso reduz a pressão arterial, protege o coração e previne problemas renais?

Os inibidores da ECA funcionam bloqueando a ECA, uma proteína que converte angiotensina I em angiotensina II. A angiotensina II é uma substância que contrai os vasos sanguíneos, elevando a pressão arterial. Ao bloquear essa conversão, os inibidores da ECA ajudam a relaxar os vasos sanguíneos, reduzindo a pressão arterial e diminuindo a carga sobre o coração. Isso também melhora o fluxo sanguíneo, o que é benéfico para os rins e pode prevenir problemas renais.

No Brasil, os inibidores da ECA, como lisinopril, enalapril e benazepril, também são aprovados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e amplamente utilizados no tratamento de hipertensão e outras condições cardiovasculares.

Esses medicamentos têm sido fundamentais na gestão de condições cardiovasculares, proporcionando uma linha de defesa eficaz contra hipertensão, insuficiência cardíaca e doenças renais relacionadas à pressão alta.

O que os inibidores da ECA fazem?

Os inibidores da ECA são mais conhecidos por reduzir a pressão arterial. Eles são frequentemente opções de primeira escolha para tratar hipertensão, pois reduzir a pressão arterial alivia o estresse no coração, cérebro e rins, diminuindo a probabilidade de danos a esses órgãos críticos ao longo do tempo.

Todos os inibidores da ECA podem tratar hipertensão, mas também são usados para tratar várias outras condições, incluindo:

Insuficiência cardíaca
Problemas renais causados por diabetes (nefropatia diabética)
Doença renal crônica em pessoas com proteína na urina
Redução do risco de morte após um ataque cardíaco
Redução do risco de eventos graves de saúde, como ataque cardíaco ou derrame, em pessoas de alto risco

Assim como a hipertensão, os inibidores da ECA são medicamentos de primeira escolha para várias dessas condições, incluindo nefropatia diabética e certos tipos de insuficiência cardíaca. No entanto, cada inibidor da ECA não é necessariamente aprovado pela FDA para todas essas condições, significando que, em alguns casos, são utilizados "off-label".

No Brasil, esses medicamentos são aprovados pela ANVISA e amplamente utilizados para essas finalidades, garantindo uma linha de defesa eficaz contra hipertensão, insuficiência cardíaca e doenças renais relacionadas à pressão alta.

Como os inibidores da ECA funcionam?

Os inibidores da ECA funcionam bloqueando a enzima conversora de angiotensina (ECA). Isso tem vários efeitos, pois a ECA é encontrada em todo o corpo, incluindo nos pulmões, coração e rins. O principal propósito da ECA é produzir angiotensina II, um hormônio que regula a pressão arterial e o equilíbrio de fluidos no corpo.

Aqui está como a angiotensina II é formada:

Produção de angiotensina: O hormônio angiotensina é formado no fígado e liberado no sangue.
Conversão pela renina: Uma enzima dos rins chamada renina transforma a angiotensina em angiotensina I, que é inativa e não tem efeito conhecido no corpo.
Ativação pela ECA: A ECA transforma a angiotensina I em angiotensina II, que é a forma ativa do hormônio.

A capacidade dos inibidores da ECA de bloquear a produção de angiotensina II ajuda a tratar diversos problemas de saúde ao reduzir a pressão arterial, aliviar o estresse sobre o coração e os rins, e melhorar o fluxo sanguíneo. Ao impedir a formação de angiotensina II, esses medicamentos ajudam a relaxar os vasos sanguíneos e a prevenir a retenção excessiva de sódio e água no corpo, protegendo assim os órgãos vitais de danos a longo prazo.

Hipertensão

Quando a angiotensina II é liberada, ela aumenta a pressão sanguínea de várias maneiras:

Constrição dos vasos sanguíneos: Isso dificulta o fluxo do sangue por todo o corpo.
Aumento da aldosterona: Este hormônio faz com que os rins retenham sal e água.
Redução do fluxo sanguíneo nos rins: Afetando diretamente os rins, a angiotensina II leva à retenção de sal e água.

Ao bloquear a angiotensina II, os inibidores da ECA dilatam os vasos sanguíneos, diminuem os níveis de aldosterona e melhoram o fluxo sanguíneo nos rins. Eles também reduzem a quantidade de fluido e sódio que o corpo retém.

Todos os inibidores da ECA funcionam de maneira semelhante e têm aproximadamente o mesmo efeito de redução da pressão arterial. Eles são normalmente prescritos sozinhos para tratar hipertensão, a menos que não reduzam a pressão arterial o suficiente. Nesse caso, medicamentos adicionais podem ser necessários.

É importante notar que a renina, a angiotensina II e a aldosterona são os principais hormônios no sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAAS). O sistema RAAS ajuda a regular o equilíbrio de sal e água e a manter a pressão arterial. Quando o sistema RAAS está hiperativo, podem surgir problemas de saúde, como hipertensão.

Insuficiência cardíaca

Os inibidores da ECA podem prevenir e tratar a insuficiência cardíaca em algumas pessoas. A redução da pressão arterial e dos níveis de fluidos no corpo faz com que o coração não precise trabalhar tanto. Além disso, os inibidores da ECA previnem danos ao músculo cardíaco ao reduzir os níveis de angiotensina e aldosterona.

É importante notar que os inibidores da ECA não são prescritos sozinhos para insuficiência cardíaca. Eles fazem parte de um plano de tratamento que geralmente inclui outros medicamentos.

Doença renal

Os inibidores da ECA podem proteger seus rins, principalmente diminuindo a pressão arterial, o que reduz o estresse nos rins. Mesmo que você não tenha pressão alta, esses medicamentos podem ajudar, especialmente se você tiver proteína na urina ou diabetes.

Embora seja raro, os inibidores da ECA também podem causar danos renais, especialmente se você tiver certas condições de saúde, como estenose da artéria renal. Seu nefrologista (especialista em rins) monitorará sua função renal enquanto você estiver tomando um inibidor da ECA, garantindo que os benefícios superem os riscos.

Como saber se o seu inibidor da ECA está funcionando?

Se você estiver tomando um inibidor da ECA para hipertensão, seu médico pode pedir que você verifique sua pressão arterial em casa. Suas leituras dirão se o medicamento está funcionando. Se a pressão arterial ainda estiver alta, ele pode sugerir aumentar a dose ou adicionar outro medicamento.

Para outras condições, como doença renal e diabetes, é mais difícil perceber se o inibidor da ECA está funcionando. No entanto, os benefícios de tomar um inibidor da ECA são de longo prazo, como escovar os dentes. Você pode não notar os benefícios imediatamente, mas isso ajuda a prevenir problemas futuros.

Mesmo que você não perceba os efeitos benéficos do seu inibidor da ECA, tomá-lo consistentemente por um longo período é essencial para obter os verdadeiros benefícios. Se o inibidor da ECA causar efeitos colaterais incômodos, seu médico pode trabalhar com você para encontrar um medicamento diferente que funcione bem e cause menos efeitos adversos.

Embora algumas pessoas precisem de medicamentos para baixar a pressão arterial, mudanças na dieta e no estilo de vida também são vitais. Não existe uma maneira certa de comer ou se manter ativo; o importante é encontrar hábitos de vida saudáveis e um padrão alimentar que você possa seguir a longo prazo.

Em que os inibidores da ECA são diferentes de outros medicamentos para pressão arterial?

Além dos inibidores da ECA, três outros grupos de medicamentos para pressão arterial são considerados opções de primeira escolha para hipertensão na maioria das pessoas:

Diuréticos tiazídicos: como hidroclorotiazida (Microzide)
Bloqueadores dos canais de cálcio (BCCs): como amlodipina (Norvasc)
Bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRAs): como losartana (Cozaar)

Os BRAs são mais semelhantes aos inibidores da ECA e funcionam tão bem quanto. No entanto, devido às suas semelhanças, BRAs e inibidores da ECA não são usados juntos. Se for necessário um segundo medicamento para pressão arterial, os inibidores da ECA geralmente são combinados com um diurético tiazídico ou um BCC. De fato, vários produtos combinados contendo dois ou mais medicamentos para pressão arterial estão disponíveis.

Existem várias situações em que outro medicamento para pressão arterial pode ser preferido em vez de um inibidor da ECA. Alguns exemplos incluem:

Efeitos colaterais inaceitáveis: Como todos os medicamentos, os inibidores da ECA têm efeitos colaterais. Por exemplo, podem causar tosse, angioedema (inchaço do rosto, pescoço e boca) e hipercalemia (altos níveis de potássio). Se você estiver sentindo esses efeitos colaterais, seu médico pode recomendar outro medicamento para pressão arterial.
Gravidez ou planejamento de gravidez: Seu médico não recomendará um inibidor da ECA (ou um BRA) nessas situações, pois eles podem causar defeitos congênitos. Existem opções de tratamento mais seguras para tratar a hipertensão durante a gravidez.
Certas condições de saúde: Inibidores da ECA devem ser evitados em determinadas condições de saúde. Por exemplo, se você tem angioedema hereditário, não deve tomar inibidores da ECA. Pessoas com estenose da válvula aórtica devem ser mais cuidadosas ao usar esses medicamentos.

Essas considerações ajudam a determinar o melhor tratamento para hipertensão com base nas necessidades e condições individuais de cada paciente.

Conclusão

Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) têm sido usados para tratar pressão alta por gerações. Além disso, esses medicamentos são prescritos para ajudar a controlar a insuficiência cardíaca e tratar doenças renais, tanto com quanto sem diabetes.

O mecanismo de ação dos inibidores da ECA é bloquear uma enzima chamada ECA, responsável por produzir angiotensina II. Em condições normais, a angiotensina II regula a pressão arterial e o equilíbrio de sal e água no corpo. No entanto, quando está hiperativa, pode aumentar a pressão arterial e causar outros efeitos negativos à saúde.

Os inibidores da ECA dilatam os vasos sanguíneos, diminuindo a pressão arterial. Eles também oferecem vários outros benefícios, incluindo efeitos positivos para o coração e os rins.

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.

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Texto traduzido e adaptado do original: https://www.goodrx.com/classes/ace-inhibitors/what-do-ace-inhibitors-do