7 usos da espironolactona: da insuficiência cardíaca à perda de cabelo
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Wilton de Andrade
Última atualização
07/11/2024
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Entenda o uso da espironolactona

Você sabia que existe um medicamento capaz de tratar tanto problemas cardíacos quanto problemas de pele, como a acne? Esse medicamento é a espironolactona (Aldactone, CaroSpir). Ela é conhecida por ser versátil e eficiente, atuando em diversas áreas da saúde.

A espironolactona é um diurético poupador de potássio, comumente utilizado para tratar doenças cardíacas, incluindo insuficiências cardíacas e hipertensão, pois ajuda a eliminar o excesso de líquidos do corpo e reduzir a pressão arterial. No entanto, o seu uso vai além do sistema cardiovascular. Ela também é eficaz para tratar acne hormonal em mulheres, regulando os níveis de andrógenos, hormônios que podem estimular a produção excessiva de sebo e agravar a acne.

O medicamento tem ganho destaque no tratamento de outras condições hormonais, como hirsutismo (crescimento excessivo de pelos), síndrome do ovário policístico (SOP) e edema causado por problemas hepáticos ou renais.

Com tantos usos, a espironolactona pode ser uma opção eficaz para pacientes que lidam simultaneamente com problemas hormonais e cardíacos. No entanto, é fundamental seguir a orientação do médico para garantir a dosagem adequada e evitar interações ou efeitos colaterais, como alterações nos níveis de potássio e pressão arterial.

 

O que é espironolactona?

A espironolactona pertence à classe dos antagonistas do receptor mineralocorticoide, mais conhecida como diurético poupador de potássio. Esse medicamento foi aprovado pela FDA e ANVISA para tratar doenças cardíacas, hipertensão e edema, condições associadas ao acúmulo excessivo de líquidos no corpo. Sua função principal é bloquear a ação da aldosterona, um hormônio que promove a retenção de sódio e água nos enxágues, contribuindo para a redução da pressão arterial e interrupção do surto.

A espironolactona está disponível em duas formas: comprimidos e suspensão oral, oferecendo flexibilidade para diferentes necessidades dos pacientes. A consistência na administração é essencial para melhorar os resultados, devendo ser tomada regularmente, com ou sem alimentos, conforme orientação médica.

Além disso, a espironolactona é um dos componentes da Aldactazida, um medicamento combinado que também contém hidroclorotiazida, outro diurético frequentemente utilizado para potencializar a eliminação de líquidos e ajudar no controle da pressão arterial.

Por ser um diurético poupador de potássio, a espironolactona requer monitoramento cuidadoso para evitar hipercalemia (excesso de potássio no sangue). Assim, é fundamental que seu uso seja acompanhado por um profissional de saúde, que ajuste a dosagem de acordo com a resposta do paciente e suas condições específicas.

 

Como a espironolactona funciona para tantas condições?

A espironolactona age bloqueando a ação da aldosterona nos enxágues. A aldosterona é um hormônio que estimula a retenção de água e sódio e promove a excreção de potássio. Ao inibir esses hormônios, a espironolactona facilita a eliminação do excesso de líquido e de sódio pelo corpo, ajudando a reduzir os episódios e a controlar a pressão arterial, ao mesmo tempo em que preserva o potássio. Por isso, é comum como um diurético poupador de potássio.

Além de seu papel nos enxágues, a espironolactona interfere na ligação de outros hormônios, como a testosterona, aos seus receptores. Essa propriedade é explorada em tratamentos fora do uso tradicional para doenças cardiovasculares, como veremos a seguir.

Agora que você conhece os mecanismos básicos da espironolactona, exploraremos sete condições para quais esse medicamento pode ser indicado, abrangendo desde problemas renais e cardíacos até acne e distúrbios hormonais.

 

1. Insuficiência cardíaca

A espironolactona tem um papel essencial no manejo de insuficiências cardíacas, pois pode melhorar a sobrevida, reduzir os episódios e diminuir a necessidade de hospitalizações. Seu uso é recomendado para pessoas com insuficiência cardíaca sintomática, especialmente aquelas que apresentam sinais de sobrecarga de líquido e função cardíaca comprometida.

O principal mecanismo de ação da espironolactona, ao bloquear a aldosterona, ajuda a reduzir os danos ao tecido cardíaco, evitando o aumento do volume e a rigidez do coração. Isso resulta em uma melhora geral da função cardíaca e na redução dos sintomas associados, como a retenção de líquidos.

A dose usual para insuficiência cardíaca é de 25 mg ao dia, embora essa dosagem possa ser ajustada de acordo com a resposta do paciente e possíveis efeitos colaterais. Normalmente, a espironolactona é usada em combinação com outros medicamentos para insuficiência cardíaca, como betabloqueadores e inibidores da ECA ou bloqueadores dos receptores da angiotensina. Sozinha, ela não é suficiente para controlar a condição, mas em conjunto com outros tratamentos, pode trazer benefícios.

 

2. Pressão alta

A espironolactona também pode ser utilizada no tratamento da hipertensão, embora não seja a primeira opção, a menos que o paciente tenha insuficiência cardíaca associada. Ela pode ser eficaz para controlar a pressão arterial que não responde bem a outros medicamentos. Além disso, seu efeito de retenção de potássio é um diferencial importante, especialmente para pessoas que desenvolvem hipocalemia (baixos níveis de potássio) devido ao uso de outros diuréticos, como a furosemida (Lasix). A manutenção adequada dos níveis de potássio é essencial para prevenir cãibras musculares e arritmias cardíacas.

No tratamento da hipertensão, a dose de espironolactona geralmente varia entre 25 mg e 100 mg diários, de acordo com a resposta do paciente e o controle dos sintomas. No caso de hipocalemia grave, doses mais altas, chegando a 200 mg por dia, podem ser permitidas para corrigir o desequilíbrio eletrolítico. A dosagem ideal é ajustada pelo médico com base nas necessidades individuais do paciente, levando em conta outros medicamentos em uso e a resposta ao tratamento inicial.

 

3. Inchaço devido a problemas de fígado e rins

O edema é caracterizado por um inchaço causado pelo acúmulo excessivo de líquido nas tecidos do corpo, comumente visível nas pernas, rosto e abdômen. Esse problema pode surgir como resultado de condições subjacentes, como doenças hepáticas e renais, que afetam a capacidade do corpo de equilibrar fluidos. Quando mudanças na dieta, como ar

A espironolactona é especialmente útil em casos de edema relacionado à insuficiência renal ou hepática, pois além de sua ação diurética, ajuda a manter os níveis de potássio, diferentemente de outros diuréticos que podem levar à sua perda.

A dosagem medida para tratar edema com espironolactona pode variar entre 25 mg e 200 mg por dia, ajustada de acordo com a resposta do paciente e a gravidade do inchaço. O médico avaliará a evolução do quadro e ajustará a dose necessária para obter os melhores resultados.

 

4. Muita aldosterona

A aldosterona é um hormônio essencial para regular os níveis de sódio e potássio no corpo. Em pessoas com hiperaldosteronismo primário, há produção excessiva desse hormônio, o que pode resultar em retenção de sódio e perda significativa de potássio. Esse desequilíbrio pode desencadear hipertensão, arritmias e fraqueza muscular.

Uma causa comum desse problema são tumores benignos nas glândulas adrenais. Em alguns casos, a cirurgia é recomendada para remover os tumores e resolver a condição. No entanto, a espironolactona é frequentemente utilizada como tratamento temporário antes da cirurgia para bloquear os efeitos da aldosterona e controlar os sintomas.

A dose terapêutica nesses casos costuma variar entre 100 mg e 400 mg por dia. Quando a cirurgia não é uma opção ou a causa da produção excessiva de aldosterona permanece incerta, a espironolactona pode ser usada por um longo prazo. Nesses casos, recomenda-se uma dose menor eficaz para gerenciar os sintomas, minimizando os riscos de efeitos adversos associados ao uso prolongado do medicamento.

 

5. Acne em mulheres

A Academia Americana de Dermatologia sugere que doses diárias entre 50 mg e 200 mg de espironolactona podem ser eficazes para melhorar a acne em algumas mulheres, embora esse uso seja considerado off-label, ou seja, fora das recomendações formais aprovadas.

A produção de sebo, substância oleosa produzida pelas glândulas sebáceas da pele, é regulada, em parte, pela testosterona. O excesso de sebo pode obstruir os poros e favorecer o desenvolvimento da acne. A espironolactona atua bloqueando a ação da testosterona em receptores específicos da pele, reduzindo a produção de sebo e, consequentemente, a formação de acne.

Antes de iniciar o uso da espironolactona para tratar acne, é essencial consultar um médico. Por ser um medicamento não aprovado pelo FDA e ANVISA para essa finalidade específica, o profissional de saúde pode considerar outras alternativas inicialmente. Cada paciente tem uma resposta diferente ao tratamento, e uma avaliação médica cuidadosa é necessária para determinar se essa abordagem é específica.

 

6. Crescimento excessivo de pelos em mulheres

Hirsutismo é uma condição tratada off-label com espironolactona. Caracteriza-se pelo crescimento excessivo de pelos em áreas típicas de padrão masculino, como rosto e corpo, em mulheres. A condição costuma estar associada a níveis elevados de testosterona, e a espironolactona envelhece diminuindo sua produção e acelerando sua eliminação do organismo, ajudando assim a diminuir o crescimento de pelos indesejados.

Os anticoncepcionais orais são geralmente a primeira linha de tratamento para o hirsutismo. Entre eles, as pílulas contendo a progestina drospirenona, como Yasmin e Ocella, são especialmente recomendadas, pois derivam da espironolactona e possuem mecanismos de ação semelhantes, bloqueando os efeitos dos andrógenos.

No entanto, nem todas as mulheres respondem bem ou podem utilizar anticoncepcionais orais. Nesses casos, a espironolactona é uma opção eficaz. Estudos sugerem que a dosagem medida para o tratamento do hirsutismo varia entre 100 mg e 200 mg por dia. Como cada paciente pode responder de forma diferente, é essencial que o acompanhamento médico avalie a eficácia e ajuste a dosagem conforme necessário.

 

7. Perda de cabelo de padrão feminino

A perda de cabelo padrão feminino é caracterizada pelo afinamento dos fios na parte superior da couro cabeludo. Atualmente, o único tratamento aprovado pela FDA e ANVISA para essa condição é o Rogaine (minoxidil) em sua formulação tópica, disponível sem prescrição.

Estudos indicam que a espironolactona pode ser uma opção terapêutica eficaz para tratar essa forma de alopecia, especialmente em casos onde há influência hormonal. A medicação pode ser usada sozinha ou combinada com o Rogaine, aumentando as chances de obter melhores resultados. As dosagens nos variaram entre 25 mg e 200 mg por dia, demonstrando a necessidade de estudos personalizados do tratamento de acordo com cada paciente.

Os resultados podem demorar, sendo necessário um uso contínuo por 12 meses ou mais para notar uma melhoria significativa. Assim, o acompanhamento médico é fundamental para ajustar a dose e monitorar a resposta ao tratamento, evitando efeitos adversos e garantindo a eficácia ao longo do tempo.

 

Quem não deve tomar espironolactona?

Embora a espironolactona possa ser benéfica para diversas condições, nem todos podem usá-la com segurança. Há algumas situações em que seu uso deve ser evitado:

  • Gestação: A espironolactona não é recomendada para mulheres grávidas, pois pode interferir no desenvolvimento adequado do feto. Seu impacto hormonal pode prejudicar o equilíbrio necessário durante a gestação.
  • Altos níveis de potássio: Como a espironolactona aumenta os níveis de potássio no organismo, pessoas com hipercalemia (níveis elevados de potássio) correm o risco de complicações se usarem o medicamento.
  • Doença de Addison: Essa condição rara prejudica a produção de hormônios essenciais, incluindo a aldosterona. Como a espironolactona bloqueia essas hormônios, pode agravar os sintomas da doença.
  • Uso simultâneo de eplerenona: A eplerenona e a espironolactona pertencem à mesma classe de medicamentos. Tomá-los juntos pode causar queda excessiva da pressão arterial, risco de perigo dos níveis de potássio e aumento do risco de efeitos colaterais, como náusea, dor de cabeça e sangramento gastrointestinal.

Antes de iniciar o uso da espironolactona, é fundamental informar ao seu médico sobre seu histórico de saúde e todos os medicamentos e suplementos que você utiliza. Isso permitirá que o profissional avalie a segurança do tratamento e previna possíveis interações ou efeitos adversos.

 

Conclusões

A espironolactona é um medicamento versátil utilizado para tratar diferentes condições de saúde e hormônios regulares, como aldosterona e testosterona. Entre os usos aprovados pelos órgãos reguladores, destaca-se o tratamento de insuficiência cardíaca e de hipertensão. Nesses casos, o medicamento ajuda a melhorar a função cardíaca e a controlar a pressão arterial, reduzindo o excesso de retenção de líquidos.

Além dessas restrições, a espironolactona também é utilizada para fins off-label, como o tratamento de acne hormonal e perda de cabelo em mulheres. Nesses casos, o medicamento age bloqueando os efeitos da testosterona, causando a oleosidade da pele e o crescimento anormal dos pelos ou promovendo a saúde capilar.

Embora seja uma opção eficaz para diversas condições, a decisão de usar a espironolactona deve ser feita em conjunto com um médico. O profissional avaliará se o medicamento é adequado ao paciente, considerando sua condição específica e possíveis interações ou efeitos adversos.

 

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.

 

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Texto traduzido e adaptado do original: https://www.goodrx.com/spironolactone/what-is-spironolactone-used-for

 

FAQ: perguntas frequentes sobre espironolactona