Os transtornos de ansiedade são genéticos?
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Escrito por
Wilton de Andrade
Última atualização
03/10/2024
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Entenda as conexões entre genética e ansiedade 

Se você tem ansiedade, é provável que outras pessoas na sua família também tenham. No entanto, as causas da ansiedade são complexas, e a genética é apenas parte desse quebra-cabeça. O ambiente e as experiências de vida também influenciam as chances de desenvolver ansiedade.

Essa pode ser uma boa notícia para quem luta contra a ansiedade e se preocupa em transmiti-la aos filhos, já que outros fatores, além da genética, também desempenham um papel importante.

 

O que significa algo ser genético ou hereditário? 

Quando uma doença é hereditária, isso significa que você nasce com uma chance de desenvolvê-la, transmitida por sua mãe biológica, pai ou ambos. Às vezes, seus pais podem ter tido a doença; outras vezes, eles podem ter os genes para ela, mas nunca desenvolveram a condição.

Os genes fazem parte do DNA e estão presentes em todas as células do corpo. Eles não podem ser alterados por medicamentos ou tratamentos, mas a ativação de um gene pode ser influenciada por diversos fatores.

No caso de uma doença como a ansiedade, uma combinação de fatores, como o nível de estresse na sua vida, determinará se essa predisposição se tornará um problema.

 

É possível herdar a ansiedade? 

Há pesquisas claras mostrando que a genética influencia a ansiedade. Na verdade, especialistas notaram a conexão familiar com a ansiedade antes mesmo de entenderem como o DNA e os genes funcionavam.

Se você tem um parente próximo com ansiedade, sua chance de desenvolvê-la é de 2 a 6 vezes maior do que se não tivesse. O risco é ainda maior se você tiver um irmão gêmeo idêntico com ansiedade, pois vocês compartilham a mesma genética, mesmo que tenham crescido em lares diferentes.

Atualmente, a ciência mostra que certos genes trazem um risco de desenvolver ansiedade e que esses genes podem ser ativados ou desativados por gatilhos ambientais. Uma condição complexa como a ansiedade provavelmente depende de um conjunto de genes herdados e ativados por fatores externos.

Cientistas estão trabalhando para identificar quais genes causam ansiedade. Eles já encontraram várias possibilidades, mas muitos dos genes que afetam algumas pessoas não têm o mesmo efeito em outras. No futuro, a ciência terá uma compreensão mais clara desse processo.

 

Se a ansiedade é hereditária, isso significa que todos na família a terão?

Não, cada pessoa na sua família (exceto gêmeos idênticos) possui uma combinação ligeiramente diferente de genes. Como a ansiedade parece estar ligada a um padrão de genes, e não a apenas um, essa variação pode fazer uma grande diferença.

Além disso, o ambiente de cada pessoa também influencia o desenvolvimento da ansiedade. Situações estressantes, como trauma, abuso ou uma família desestruturada, podem desencadear a ansiedade. É possível desenvolvê-la mesmo sem herdar os genes associados a ela.

Pessoas com predisposição genética para ansiedade têm maior probabilidade de desenvolvê-la quando enfrentam estresses ambientais. Para aquelas sem risco genético ou que não enfrentam grandes estresses, a ansiedade pode nunca se tornar um problema.

Em resumo, tanto a genética quanto o ambiente influenciam quem pode desenvolver ansiedade, mas não explicam tudo. Ainda não é completamente possível determinar por que algumas pessoas têm ansiedade e outras não.

 

Todos os membros da família desenvolvem o mesmo tipo de ansiedade? 

A ansiedade se manifesta de várias formas, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de pânico, fobias, entre outros. Diferentes membros de uma mesma família podem apresentar tipos muito distintos de ansiedade.

Conforme as pessoas envelhecem, as causas de suas preocupações também mudam. Por exemplo, crianças pequenas podem temer se separar dos pais para ir à escola. Adolescentes podem se preocupar com notas ou relacionamentos. Adultos tendem a se preocupar com empregos e dinheiro, enquanto pessoas mais velhas podem se concentrar em questões de saúde ou medo de quedas.

Uma das razões pelas quais a ansiedade parece se manifestar de forma diferente entre os membros da família é que ela muda com o tempo e com as fases da vida.

 

Como o ambiente e o estresse de uma pessoa afetam a ansiedade?

Como mencionado anteriormente, além da genética, o ambiente em que você vive influencia o desenvolvimento da ansiedade. Pesquisas mostram que experiências traumáticas na infância, como abuso ou uma família desestruturada, aumentam a probabilidade de desenvolver ansiedade mais tarde. O momento em que o estresse ocorre também é importante; adolescentes, por exemplo, são particularmente sensíveis a estresses interpessoais, como rejeição ou bullying.

O campo da epigenética leva a conexão entre genética e ambiente um passo adiante. Pesquisas indicam que o estresse durante a gravidez — ou até mesmo antes dela — pode influenciar se uma criança desenvolverá ansiedade no futuro. Cientistas acreditam que isso ocorre porque certos genes podem ser programados para ligar ou desligar antes mesmo de serem transmitidos de pais para filhos.

 

A família contribui para a ansiedade?

A ansiedade também pode ser aprendida. As crianças observam como os adultos ao seu redor reagem às situações e, muitas vezes, modelam esse comportamento. Se os pais frequentemente respondem aos eventos com ansiedade, as crianças podem adotar essa maneira de lidar com o mundo. Para os cientistas que estudam a ansiedade, esse padrão é difícil de separar da genética.

O estilo parental também pode influenciar a ansiedade em crianças e adolescentes, às vezes com consequências para toda a vida. Embora essa conexão ainda esteja sendo estudada, já existem evidências de que a ansiedade pode estar associada a:

  • Parentalidade autoritária: Um estilo rigoroso, no qual a comunicação é unilateral. Os pais estabelecem regras, e a criança deve obedecer sem questionar. Esses pais podem ser vistos como severos, exigentes e críticos.
  • Parentalidade superprotetora: Pais superprotetores tentam proteger seus filhos de qualquer dano, frustração ou tristeza, a ponto de prejudicar o desenvolvimento de habilidades de vida e autoconfiança.
  • Parentalidade negligente/desinteressada: Pais desinteressados têm dificuldade em responder às necessidades emocionais ou físicas de seus filhos.

Por outro lado, a parentalidade autoritativa pode proteger crianças e adolescentes da ansiedade. Pais autoritativos estabelecem limites claros e podem ser rigorosos, mas também levam em consideração o ponto de vista da criança, mostrando amor e cuidado. Eles são vistos como firmes, mas solidários.

 

Você vai passar sua ansiedade para seus filhos?

Não necessariamente. As estatísticas mostram que crianças de pais ansiosos têm uma chance maior de desenvolver ansiedade, mas ainda é apenas uma probabilidade. Muitas crianças com pais ansiosos não desenvolvem o transtorno.

Se você tem ansiedade e está preocupado em transmiti-la aos seus filhos, a coisa mais importante que pode fazer é procurar tratamento para sua própria ansiedade.

Além disso, informe-se. A ansiedade pode se manifestar de várias formas, como fobias específicas, ansiedade generalizada ou até transtornos alimentares. Os sinais de ansiedade podem se apresentar de maneiras diferentes em crianças e adolescentes. Esteja atento a comportamentos como:

  • Preocupação intensa
  • Dificuldade em lidar com o estresse
  • Medos irracionais
  • Hábitos alimentares pouco saudáveis
  • Evitar situações sociais

Ao estar ciente desses sinais, você estará em uma boa posição para buscar tratamento precoce, caso seu filho tenha dificuldades. As crianças podem ser tratadas com sucesso para ansiedade e aprender ferramentas para lidar com ela, caso o problema reapareça no futuro.

 

Como você obtém ajuda para a ansiedade?

O primeiro passo para obter ajuda para a ansiedade é conversar com seu médico. A ansiedade é extremamente comum, e é provável que seu médico receba perguntas sobre isso com frequência.

Existem muitos tratamentos disponíveis, com excelente suporte científico para vários deles. Para a maioria das pessoas, os tratamentos mais eficazes incluem medicamentos, terapia ou uma combinação de ambos. 

Os medicamentos mais comuns são os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores de recaptação de serotonina-norepinefrina (IRSN), que ajudam a melhorar os níveis de certas substâncias químicas no cérebro.

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) ensina técnicas para controlar pensamentos, sentimentos e comportamentos ansiosos, proporcionando um caminho eficaz para o tratamento da ansiedade.

 

Conclusões

A ansiedade tem um componente genético, mas isso não significa que você necessariamente a terá ou a transmitirá para seus filhos. Prever se alguém desenvolverá ansiedade é complexo, pois as circunstâncias de vida também desempenham um papel importante. Por isso, a ciência não pode sempre determinar quem está em maior risco. O mais importante é estar atento aos sintomas de ansiedade e tratá-los caso apareçam.

 

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.

 

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Referências

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Texto adaptado e traduzido do original: https://www.goodrx.com/health-topic/anxiety-disorders/is-anxiety-genetic-or-hereditary

 

FAQ: perguntas frequentes sobre a influência da genética sobre a ansiedade