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O TDAH e o abuso de substâncias estão relacionados?

Escrito por

Wilton de Andrade

Última atualização

29/01/2025

Entenda a relação do TDAH e o abuso de substâncias

A conscientização sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tem crescido significativamente. No entanto, muitas pessoas não sabem que o TDAH está frequentemente associado a transtornos por uso de matéria.

Adultos com TDAH têm maior probabilidade de desenvolver transtornos relacionados ao uso de drogas ou álcool em comparação com aqueles que não possuem a condição. Estudos indicam que aproximadamente 25% dos adultos com transtornos por uso de substância também apresentam TDAH.

Neste artigo, exploraremos os motivos pelas quais pessoas com TDAH são mais vulneráveis ao uso indevido de substâncias e como os medicamentos estimulantes, embora eficazes no tratamento do TDAH, podem apresentar potencial de dependência.

Também discutiremos sinais de alerta de TDAH e uso de substâncias em crianças e compartilharemos estratégias para pais que desejam apoiar seus filhos, promovendo um ambiente seguro e saudável para seu desenvolvimento.

Por que pessoas com TDAH são mais propensas ao uso indevido de drogas e álcool?

Os sintomas do TDAH geralmente se manifestam na infância. Entre os sinais mais comuns em crianças estão o comportamento impulsivo, dificuldade de concentração e problemas para concluir tarefas. Essas características podem trazer desafios adicionais, como problemas de sono e baixa autoestima.

Como o TDAH tem origem na infância, é considerado um fator de risco para o desenvolvimento de transtornos pelo uso de matéria na adolescência ou na vida adulta. No entanto, o oposto não é verdadeiro — ter um transtorno por uso de substância não aumenta o risco de desenvolver TDAH.

Especialistas ainda estão investigando a relação entre TDAH e transtornos por uso de matéria. Uma explicação possível para essa conexão é a automedicação. Alguns adolescentes com TDAH podem recorrer à substância como uma forma de lidar com os sintomas da condição, seja para melhorar o sono ou anestesiar emoções difíceis.

Pesquisas também sugerem que há semelhanças em áreas do cérebro associadas tanto ao TDAH quanto aos desejos por drogas ou álcool. Essas semelhanças identificadas nos exames podem ajudar a explicar que algumas pessoas desenvolvem ambos os transtornos. No entanto, mais estudos são necessários para entender melhor essa relação complexa e seus mecanismos subjacentes.

Os medicamentos para TDAH causam dependência?

Sim, os medicamentos prescritos para tratar o TDAH podem ser potencialmente viciantes. Os mais comumente usados incluem anfetaminas, como o Adderall, e metilfenidato, como a Ritalina. Esses medicamentos são classificados como estimulantes, pois aumentam a atividade cerebral, proporcionando efeitos como maior energia e melhor capacidade de concentração.

Embora esses benefícios sejam úteis no tratamento do TDAH, o desempenho aprimorado pode levar algumas pessoas a fazer o uso inadequado desses medicamentos. O uso específico e fora das orientações médicas pode aumentar o risco de desenvolver um transtorno pelo uso de estimulantes.

O transtorno por uso de estimulantes ocorre quando uma pessoa continua utilizando esses medicamentos diante de consequências negativas, como problemas de saúde, dificuldades nos relacionamentos ou impacto significativo em sua qualidade de vida.

É essencial seguir rigorosamente as orientações médicas e ter um acompanhamento regular para minimizar os riscos e garantir o uso seguro desses medicamentos.

Quão comum é o uso indevido ou a dependência de medicamentos para TDAH?

Estudos mostram que entre 5% e 10% dos estudantes do ensino médio e de 5% a 35% dos universitários fazem uso indevido de medicamentos estimulantes. Muitas vezes, esses medicamentos são obtidos de amigos com prescrição para TDAH. Os estudantes podem utilizá-los para prolongar o tempo de estudo e mantê-los acordados, enquanto os atletas podem recorrer a eles em busca de melhor desempenho físico.

No entanto, a maioria das pessoas que utilizam estimulantes para tratar o TDAH seguem as orientações médicas de forma responsável. Esses medicamentos melhoraram os sintomas, como maior capacidade de atenção e redução da hiperatividade, permitindo melhor desempenho acadêmico, social e profissional. Além disso, o tratamento adequado com estimulantes pode, na verdade, ajudar a diminuir o risco de desenvolver transtornos por uso de substância, ao fornecer maior controle sobre os sintomas.

Se você está preocupado com o potencial de dependência de medicamentos estimulantes, existem alternativas disponíveis. Opções com menor risco de uso indevido incluem medicamentos não estimulantes ou certos antidepressivos. Converse com seu médico para explorar as opções mais seguras e eficazes para suas necessidades.

O tratamento precoce do TDAH diminui o risco de abuso de substâncias?

A resposta curta é que sim, medicamentos estimulantes podem ajudar a reduzir o risco de abuso de substâncias em adolescentes com TDAH. No entanto, a resposta completa é mais complexa, já que as pesquisas sobre o tema apresentam resultados variados.

Por exemplo, iniciar o uso de medicamentos estimulantes na adolescência não garante, por si só, uma redução no risco de abuso de substâncias na vida adulta. Uma das razões possíveis para isso é que algumas pessoas possam interromper o uso dos medicamentos antes que os benefícios a longo prazo sejam plenamente realizados. Mais estudos são necessários para compreender melhor essa relação.

A boa notícia é que sabemos que medicamentos estimulantes, quando usados conforme prescrito, não aumentam o risco de desenvolver transtornos pelo uso de substâncias. Além disso, tratar o TDAH especificamente pode ajudar a reduzir o risco de seu filho precisar ao uso de substâncias como forma de lidar com os sintomas.

Essa abordagem reforça a importância de um acompanhamento médico contínuo para garantir que o tratamento seja seguro e eficaz ao longo do tempo.

Meu filho tem TDAH ou problema com drogas?

Existem que podem indicar a presença de TDAH ou abuso de substância em seu filho, e estar atento a esses sinais é essencial para identificar e abordar possíveis problemas precocemente.

Sinais de possível TDAH

Para que o TDAH seja revelado, seu filho precisa apresentar vários sinais em pelo menos dois contextos diferentes, como em casa e na escola.

Sinais de desatenção podem incluir:

Distração frequente, mesmo com estímulos mínimos
Dificuldade em concluir tarefas iniciadas
Perda recorrente de itens importantes, como materiais escolares ou óculos

Sinais de hiperatividade podem incluir:

Falar moderadamente em comparação com outras crianças
Dificuldade em permanecer sentado, levantando-se frequentemente mesmo quando esperar que fique na cadeira

Se você perceber esses sinais, é aconselhável procurar um profissional de saúde mental ou neurologista para uma avaliação detalhada. Um diagnóstico precoce e um tratamento adequado podem ajudar seu filho a gerenciar os sintomas e ter uma melhor qualidade de vida.

Sinais de possível uso de substâncias

Os pais, muitas vezes, interpretam certos comportamentos normais da adolescência e podem acabar ignorando sinais de que seus filhos podem estar usando drogas ou álcool. No entanto, é importante ficar atento às mudanças significativas, como:

Queda no desempenho escolar, com notas cada vez pior
Alterações no grupo de amigos, especialmente se os novos amigos apresentam comportamentos preocupantes
Perda de interesse por atividades que antes traziam prazer e engajamento

Essas mudanças podem indicar uso de matéria ou até mesmo um problema de saúde mental. Caso você observe esses sinais em seu filho, procure ajuda profissional, como aconselhamento ou terapia. Um diagnóstico precoce e o suporte adequado são fundamentais para ajudar seu filho a superar possíveis desafios e garantir seu bem-estar.

Como você pode ajudar seu filho como pai ou mãe?

Receber o diagnóstico de TDAH para seu filho ou descobrir que ele está usando drogas ou álcool pode ser uma experiência avassaladora. No entanto, existem passos importantes que você pode tomar para apoiá-lo e ajudá-lo a lidar com esses desafios. Abaixo, destacamos algumas etapas práticas que podem fazer a diferença.

1. Procure tratamento

Busque tratamento para seu filho o mais cedo possível. Adiar o tratamento para o TDAH pode aumentar o risco de desenvolver transtornos relacionados ao uso de substâncias (TUS). Além disso, quanto mais cedo seu filho receber apoio para lidar com o uso de matéria, menores serão as chances de que o problema seja grave.

O transtorno por uso de substância (TUS) é uma condição específica pelo uso recorrente e problemático de matéria, como drogas ou álcool, que interfere significativamente na vida da pessoa, afetando sua saúde, relacionamentos e responsabilidades diárias.

Especialistas geralmente recomendam uma abordagem combinada para tratar TDAH e TUS, caso ambos estejam presentes. Essa abordagem inclui o uso de medicamentos, que ajudam a controlar os sintomas do TDAH, juntamente com a terapia comportamental, que oferece ferramentas práticas para melhorar o autocontrole, gerenciar comportamentos impulsivos e desenvolver habilidades de enfrentamento.

Iniciar o tratamento precocemente é essencial para ajudar seu filho a superar desafios e promover um futuro mais saudável e equilibrado.

2. Seja solidário

Além de buscar ajuda de um profissional de saúde mental, existem ações que você pode adotar em casa para apoiar seu filho de maneira eficaz:

Tenha conversas abertas e regulares sobre drogas e álcool: Fale com seu filho de forma honesta e frequente sobre os riscos e impactos do uso de substância. Isso não apenas ajuda a se sentir mais confortável para pedir ajuda caso necessário, mas também pode prevenir ou interromper comportamentos relacionados ao uso de drogas e álcool.
Ajude-o a controlar seu comportamento e desenvolver rotinas saudáveis: Ofereça suporte na organização do dia a dia, criando uma rotina estruturada e previsível. Ajude seu filho a estabelecer uma agenda diária e limitar as distrações, especialmente durante momentos de estudo ou tarefas importantes. Essas medidas podem ajudá-lo a se concentrar melhor e gerenciar os desafios relacionados ao TDAH.

Ao combinar o apoio em casa com o tratamento profissional, você receberá as ferramentas possíveis para que seu filho enfrente os desafios com mais segurança e confiança.

3. Procure apoio para si mesmo

Ser pai não é uma tarefa fácil, especialmente quando você enfrenta desafios relacionados ao TDAH ou ao uso de substâncias por parte de seu filho. Lembre-se de que não há problema em pedir ajuda ou buscar apoio. Existem recursos disponíveis para orientá-lo e ajudá-lo a lidar com essas situações.

Você pode procurar on-line por grupos de apoio a pais ou programas de treinamento específicos para questões como TDAH ou transtornos por uso de matéria. Um exemplo é o programa Crianças e Adultos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (CHADD), financiado pelo CDC, que oferece recursos e suporte para famílias.

Além disso, o Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA) disponibiliza materiais e informações úteis para pais que lidam com questões relacionadas ao uso de substâncias.

Participar de grupos ou acessar recursos especializados pode fornecer orientação prática, estratégias estratégicas e uma rede de apoio para ajudá-lo a cuidar de seu filho da melhor maneira possível.

Conclusões

O TDAH e os transtornos por uso de matéria ocorrem frequentemente juntos por diversos fatores. É importante estar atento aos sinais de TDAH e ao uso de substâncias em seu filho e buscar formas práticas de ajudá-lo.

O tratamento combinado de medicamentos e terapia é geralmente a primeira escolha para abordar essas condições. Iniciar o tratamento precocemente pode ajudar a reduzir o risco de uma criança desenvolver transtornos relacionados ao uso de substâncias na adolescência ou na vida adulta.

No Brasil, se você ou alguém que você conhece está enfrentando problemas com o uso de matéria-prima, há recursos disponíveis. Você pode entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo telefone 188 ou buscar informações e apoio em serviços especializados em sua região, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Não hesite em procurar ajuda — o apoio profissional pode fazer toda a diferença.

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.