TDAH em adultos
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é frequentemente associado à infância, pintado em contornos de crianças inquietas que lutam para se concentrar na escola. No entanto, a prevalência e o impacto do TDAH em adultos começam a emergir das sombras, desafiando muitas percepções preexistentes. Estudos recentes sugerem que o TDAH não é uma condição que os indivíduos simplesmente "superam", mas que pode acompanhar muitos na vida adulta, afetando aspectos cruciais do funcionamento diário, desempenho profissional e relações interpessoais.
Um estudo conduzido por Kessler et al. (2006), publicado no American Journal of Psychiatry, revela que aproximadamente 4,4% dos adultos nos Estados Unidos são afetados pelo TDAH, com muitos casos não sendo diagnosticados ou tratados apropriadamente. A importância de reconhecer o TDAH em adultos se torna ainda mais crítica à luz de pesquisas que vinculam o transtorno não tratado a uma variedade de desafios, incluindo maior risco de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, bem como dificuldades ocupacionais e de relacionamento.
Este texto visa não apenas expandir a compreensão sobre o TDAH em adultos, mas também enfatizar a importância crítica de diagnósticos precisos e estratégias de tratamento personalizadas. À medida que avançamos na compreensão desse transtorno complexo, torna-se imperativo abordar as necessidades únicas dos adultos com TDAH, oferecendo-lhes o suporte necessário para navegar com sucesso suas vidas profissionais, sociais e emocionais.
A necessidade de uma abordagem holística é ecoada em um estudo de Safren et al. (2010) no Journal of the American Medical Association, que destaca a eficácia da terapia cognitivo-comportamental como um complemento ao tratamento farmacológico para adultos com TDAH, apontando para a eficácia de intervenções que abordam tanto os sintomas quanto as habilidades de enfrentamento no dia a dia.
A pesquisa sobre o TDAH em adultos continua a evoluir, a evidência atual destaca uma verdade inescapável: a importância de uma detecção precoce, avaliação abrangente e tratamento adaptado às complexidades do TDAH adulto. Com o aumento da conscientização e melhores práticas de intervenção, podemos abrir caminhos para melhorar significativamente a qualidade de vida dos adultos afetados pelo TDAH.
O que é TDAH?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio de neurodesenvolvimento caracterizado por uma combinação de desatenção persistente, hiperatividade e impulsividade que afeta significativamente o funcionamento social, acadêmico ou ocupacional do indivíduo. Tradicionalmente, o TDAH é diagnosticado na infância e frequentemente associado a crianças que exibem dificuldades em manter a atenção, comportamento hiperativo em ambientes inapropriados e impulsividade que interfere em seu aprendizado e interações sociais.
Por muitos anos, acreditava-se que as crianças eventualmente "superavam" o transtorno na adolescência ou no início da vida adulta. No entanto, pesquisas recentes revelaram que, em muitos casos, o TDAH persiste na idade adulta. Estima-se que aproximadamente 60-70% das crianças com TDAH continuam a apresentar sintomas significativos na vida adulta. Este reconhecimento levou a uma mudança na percepção do TDAH, destacando-o como uma condição ao longo da vida que requer atenção contínua. A prevalência do TDAH em adultos e a crescente conscientização sobre o transtorno desafiam a compreensão anterior, sublinhando a necessidade de estratégias de diagnóstico e tratamento adaptadas aos adultos, assim como uma compreensão mais profunda das suas manifestações únicas e impacto na vida adulta.
Sintomas e Desafios do TDAH em Adultos
Adultos com TDAH podem experimentar uma gama de sintomas que afetam significativamente sua vida cotidiana. A desatenção pode manifestar-se em dificuldades para se manter focado em tarefas, organização precária e tendência ao esquecimento. A hiperatividade pode ser menos evidente do que em crianças, mas muitos adultos relatam uma sensação interna de inquietação. A impulsividade em adultos pode levar a decisões precipitadas e problemas de autocontrole.
Esses sintomas resultam em vários desafios, incluindo problemas de gerenciamento de tempo, dificuldades no local de trabalho, desafios acadêmicos e tensões em relacionamentos pessoais. A literatura sugere que os adultos com TDAH têm maior probabilidade de experimentar baixa autoestima e frustração crônica, o que pode contribuir para comorbidades como ansiedade e depressão.
A Experiência de Viver com TDAH na Fase Adulta
O impacto do TDAH na vida adulta estende-se além dos sintomas individuais, afetando a capacidade de navegar com sucesso nas complexidades da vida diária. Estudos indicam que adultos com TDAH muitas vezes lutam com a autogestão e a auto-organização, essenciais para atender às demandas da vida profissional e pessoal. A necessidade de gerenciar responsabilidades domésticas, compromissos de trabalho e relacionamentos interpessoais pode ser esmagadora, especialmente na ausência de um diagnóstico adequado e suporte.
Uma revisão crítica da literatura revela que muitos adultos com TDAH relatam sentir-se "deslocados" ou "sempre atrasados" em comparação com seus pares, o que pode levar a um ciclo contínuo de esforço e frustração. A importância de um diagnóstico preciso, conforme delineado no DSM-5, não pode ser subestimada, pois fornece a base para um plano de tratamento personalizado que pode incluir medicamentos, terapia comportamental e estratégias de coping
Estratégias de coping
Estratégias de coping, ou estratégias de enfrentamento, são técnicas e métodos que as pessoas usam para lidar com situações estressantes, desafios ou pressões da vida. Essas estratégias podem variar amplamente entre indivíduos, dependendo de suas experiências de vida, personalidades e circunstâncias. Geralmente, elas são classificadas em duas grandes categorias: coping adaptativo (ou funcional) e coping maladaptativo (ou disfuncional).
Coping Adaptativo (Funcional)
Essas estratégias são saudáveis e eficazes para gerenciar o estresse e resolver problemas. Elas promovem o bem-estar e ajudam a pessoa a adaptar-se ou mudar a situação estressante. Exemplos incluem:
- Resolução de Problemas: Ativamente buscar soluções para o problema que está causando estresse.
- Planejamento: Pensar em como lidar com o estresse e planejar ações.
- Aceitação: Reconhecer a situação como ela é, especialmente quando está além do controle.
- Busca de Apoio Social: Procurar suporte emocional ou prático de amigos e familiares.
- Reavaliação Positiva: Tentar ver a situação estressante de uma perspectiva mais positiva.
- Regulação Emocional: Aprender a regular as emoções, como através de técnicas de respiração ou meditação.
- Desenvolvimento de Habilidades: Adquirir novas habilidades ou conhecimentos para lidar melhor com futuras situações estressantes.
- Atividades de Relaxamento: Praticar yoga, meditação, exercícios físicos, ou qualquer atividade que proporcione relaxamento e reduza o estresse.
Coping Mal Adaptativo (Disfuncional)
Essas estratégias podem aliviar temporariamente o estresse, mas a longo prazo, podem ser prejudiciais ou ineficazes para lidar com a situação. Exemplos incluem:
- Evitação: Ignorar ou evitar a situação estressante.
- Negação: Recusar-se a reconhecer que existe um problema ou uma situação estressante.
- Auto-crítica Excessiva: Ser muito duro consigo mesmo, levando a sentimentos de inadequação.
- Uso de Substâncias: Recorrer ao álcool, drogas ou tabagismo como forma de escapar dos problemas.
- Comportamento Agressivo: Expressar raiva e frustração de maneira prejudicial aos outros ou a si mesmo.
- Comer em Excesso ou Menos do que o Necessário: Usar a alimentação como forma de lidar com emoções.
Importância das Estratégias de Coping
Identificar e desenvolver estratégias de coping adaptativas é crucial para a saúde mental e física. Ter um repertório de estratégias saudáveis pode ajudar a navegar por desafios com mais resiliência, minimizando o impacto negativo do estresse no bem-estar geral. A terapia e o aconselhamento podem ser particularmente úteis para pessoas que lutam para encontrar maneiras eficazes de lidar com o estresse e desejam desenvolver habilidades de coping mais adaptativas.
TDAH por Marina Tedeschi Cano
Marina Tedeschi Cano (CRP - 06/100197), psicóloga na Vibe Saúde, enfatiza a necessidade de um diagnóstico cuidadoso, que deve incluir uma avaliação neuropsicológica completa e o levantamento do histórico familiar. A especialista alerta para os perigos da automedicação e sublinha a importância da terapia como espaço para trabalhar questões emocionais profundamente enraizadas no TDAH.
Para ela, o Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um tema muito debatido quando falamos sobre infância, mas atualmente tem sido também relacionado à fase adulta, com aumento significativo de diagnósticos. O TDAH, por ser um transtorno de neurodesenvolvimento, acompanha o indivíduo por toda sua vida e precisa ser tratado para melhora na qualidade de vida. Sintomas como dificuldade de organização/planejamento da rotina, impulsividade e falta de paciência, desmotivação excessiva e problemas com a finalização de suas atividades, baixa funcionalidade, são recorrentes nessa fase. Também é comum que a convivência com pessoas que possuem esse diagnóstico relatam cansaço e estresse na relação, pois os comportamentos interferem muito nas demandas do dia a dia, e podem gerar, portanto, prejuízos sociais, familiares, afetivos, profissionais, etc.
É comum que, ao receberem esse diagnóstico quando adulto, os pacientes percebam que os sintomas sempre estiveram presentes, em diferentes momentos, referindo baixa autoestima, constante sensação de incapacidade, inseguranças pessoais e profissionais ao longo da vida. Embora muitos adultos já tenham desenvolvido estratégias para lidar com os sintomas, já que não receberam tratamento efetivo por falta de conhecimento do diagnóstico, ainda assim referem sofrimento diante do esforço que precisam fazer para lidarem com algumas situações. Dessa forma, é muito importante que as pessoas compreendam a importância de seguir o tratamento adequado e de buscar profissionais qualificados para isso.
O diagnóstico bem feito é realizado com avaliação neuropsicológica completa e avaliação do histórico familiar do paciente, sendo necessário relatos de quem conviveu com a pessoa ao longo de sua vida e, em alguns casos, podem ser solicitados exames de neuroimagem. O uso de medicação, quando necessário, precisa ser feito com acompanhamento muito próximo de psiquiatras e/ou neurologistas, pois são de uso controlado e não podem ser utilizadas de forma abusiva ou sem prescrição médica. O acompanhamento psicológico é fundamental para que o paciente tenha um espaço onde possa trabalhar questões emocionais e práticas relacionadas ao diagnóstico.
Tratamento e Estratégias de Manejo
O tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em adultos é multifacetado, abrangendo desde intervenções médicas até ajustes comportamentais e no estilo de vida. A abordagem terapêutica mais eficaz geralmente combina medicamentos e terapias comportamentais, personalizadas às necessidades específicas de cada indivíduo.
Medicação: Os estimulantes são a classe de medicamentos mais comumente prescritos para o TDAH, conhecidos por sua eficácia em aumentar a atenção e diminuir a impulsividade e hiperatividade. Não estimulantes também podem ser uma opção, especialmente para aqueles que não toleram os efeitos colaterais dos estimulantes ou têm condições de saúde que os contraindicam.
Terapias: são eficazes em ajudar adultos com TDAH a desenvolver habilidades de organização e planejamento, gerenciar comportamentos impulsivos e trabalhar em estratégias de coping para lidar com o estresse. O processo terapêutico também pode tratar comorbidades frequentemente associadas ao TDAH, como depressão e ansiedade.
Ajustes no Estilo de Vida
- Rotinas Estruturadas: Estabelecer uma rotina diária pode ajudar a gerenciar melhor o tempo e reduzir o esquecimento.
- Mindfulness e Meditação: Práticas de mindfulness ajudam a aumentar o foco e a consciência do momento presente, diminuindo a desatenção e a impulsividade.
- Exercício Físico Regular: A atividade física regular não só melhora a saúde geral, mas também tem sido mostrada para diminuir os sintomas do TDAH, melhorando o humor e a capacidade de concentração.
É importante cuidar-se
O reconhecimento e o tratamento adequado do TDAH em adultos são essenciais para melhorar significativamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Embora o TDAH possa apresentar desafios únicos na vida adulta, a combinação de tratamentos farmacológicos, terapias comportamentais e mudanças no estilo de vida oferece um caminho promissor para gerenciar os sintomas. Com a estratégia de tratamento certa e o apoio adequado, indivíduos com TDAH podem alcançar seu potencial pleno, levando vidas ricas e produtivas.
A jornada para compreender e tratar o TDAH é contínua, e o compromisso com o autocuidado e o tratamento especializado são fundamentais. Encorajamos todos que vivenciam os desafios do TDAH a buscar apoio profissional e a explorar as várias opções de tratamento disponíveis para encontrar o que melhor se adapta às suas necessidades individuais, abrindo o caminho para uma vida mais focada, organizada e gratificante.
Pill, somos a parceria ideal para a sua saúde
Na Pill, nosso foco é em melhorar a vida das pessoas, democratizando o acesso à saúde e aos serviços da farmácia. Nós nos preocupamos com nossos pacientes e queremos fazer parte do seu cotidiano, facilitando sua vida. É um prazer cuidar todos de vocês.
Para ser atendido, basta mandar a sua dúvida no nosso WhatsApp: (11)99999-0380. Visite nosso site e monte sua cesta de remédio e coloque tudo no automático com o nosso serviço de Compra Recorrente: pill.com.br, sua caixa de remédio renovada todo mês.
Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.
Produtos relacionados