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Os perigos do uso de antipsicóticos para demência
Foto Wilton de Andrade
Escrito por
Wilton de Andrade
Última atualização
13/05/2025
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Entenda dos perigos dos antipsicóticos e a demência

doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Nos Estados Unidos, estima-se que quase 6 milhões de indivíduos convivam com essa doença, sendo a principal causa de demência no país. No Brasil, os números também são expressivos: aproximadamente 1,2 milhão de pessoas são afetadas, com cerca de 100 mil novos casos diagnosticados anualmente .

Além dos desafios relacionados à memória e às atividades cotidianas, muitos pacientes com Alzheimer enfrentam alterações comportamentais e de saúde mental. Sintomas como depressão, agitação, agressividade e alucinações — ver ou ouvir coisas que não existem — são comuns. Esses quadros, conhecidos como psicose relacionada à demência, representam desafios significativos tanto para os pacientes quanto para seus cuidadores.

Historicamente, o tratamento desses sintomas envolvia o uso de medicamentos antipsicóticos. Contudo, pesquisas recentes indicam que esses fármacos podem apresentar riscos consideráveis para pacientes com Alzheimer. Estudos apontam que o uso de antipsicóticos pode estar associado a eventos adversos graves, como aumento do risco de acidentes vasculares cerebrais e mortalidade em idosos com demência . Portanto, tanto nos EUA quanto no Brasil, a tendência atual é adotar uma abordagem mais cautelosa, reservando o uso desses medicamentos para casos específicos e sob rigorosa supervisão médica.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer, incluindo acesso a medicamentos que auxiliam na gestão dos sintomas e retardam a progressão da doença . Além disso, o país implementou a Política Nacional para Alzheimer e Outras Demências, visando aprimorar o atendimento e suporte aos pacientes e suas famílias .

Em ambos os países, a conscientização sobre a doença e o desenvolvimento de estratégias de cuidado que minimizem os riscos associados ao tratamento farmacológico são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com Alzheimer.



Por que os antipsicóticos não são recomendados na demência?

Simplificando, os antipsicóticos podem aumentar o risco de morte em pessoas com psicose relacionada à demência. Eles também estão associados a outros problemas de saúde, como piora dos sintomas cognitivos, quedas e formação de coágulos sanguíneos.

Esses medicamentos nunca foram aprovados pela FDA (agência reguladora dos EUA) para tratar pessoas com demência. Ainda assim, por ajudarem a controlar a agitação, foram frequentemente usados off-label — ou seja, fora das indicações aprovadas — em idosos com demência. 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) emitiu alertas sobre o uso de antipsicóticos em idosos com demência. Em 17 de março de 2015, a ANVISA publicou o Alerta SNVS/Anvisa/GGMON nº 01/2015, que limita a indicação de uso da risperidona, um antipsicótico atípico, para idosos com demência do tipo Alzheimer. Essa restrição foi baseada em evidências que apontam um aumento no risco de eventos adversos graves, como acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e mortalidade, associados ao uso de risperidona nessa população.

A ANVISA também reforça que o uso de antipsicóticos em pacientes idosos com demência deve ser cuidadosamente avaliado, considerando os riscos e benefícios, e sempre sob supervisão médica rigorosa.

Um estudo de 2007, por exemplo, revelou que cerca de 32% dos moradores de casas de repouso usavam algum tipo de antipsicótico. Muitos desses pacientes não apresentavam transtornos mentais como esquizofrenia, para os quais esses medicamentos são normalmente indicados.

Com o tempo, aumentaram as preocupações sobre o uso generalizado desses remédios. Pesquisas realizadas no início dos anos 2000 apontaram um risco maior de AVC em pessoas com demência tratadas com antipsicóticos. Outros estudos também identificaram um aumento no risco de morte por qualquer causa nesses pacientes.

Esses riscos são mais evidentes com os antipsicóticos atípicos, como a risperidona (Risperdal), mas também foram observados com antipsicóticos típicos, como o haloperidol. Em resposta a essas descobertas, a FDA incluiu um aviso em caixa — o alerta mais severo para medicamentos — nas embalagens de todos os antipsicóticos. Esse aviso destaca os riscos e reforça que esses medicamentos não são aprovados para tratar psicose relacionada à demência.


Por que os antipsicóticos causam morte em pessoas com demência?

Os especialistas ainda não sabem exatamente por que os antipsicóticos aumentam o risco de morte em pessoas idosas. O que se sabe, com base em diversos estudos, é que o uso desses medicamentos está, de fato, associado a um risco maior.

Grande parte das pesquisas disponíveis utiliza dados observacionais — ou seja, são estudos baseados em informações coletadas depois que os eventos já aconteceram. Esse tipo de abordagem dificulta a identificação precisa das causas por trás do aumento no risco de mortalidade.

Alguns especialistas acreditam que esse risco não se limita apenas a pessoas com demência, mas se estende a todos os adultos mais velhos. Isso porque essa população, em geral, já convive com outras condições de saúde, como doenças cardiovasculares e diabetes, que podem ser agravadas pelo uso de antipsicóticos.

Ou seja, provavelmente há vários fatores atuando ao mesmo tempo. Mas, como em um efeito dominó, os antipsicóticos podem ser o primeiro empurrão que desencadeia uma série de complicações.


Um profissional de saúde deve usar antipsicóticos para demência?

O uso de antipsicóticos em pacientes com demência é uma questão delicada e deve ser abordado com cautela. Esses medicamentos podem ser considerados em situações específicas, especialmente quando os sintomas são graves ou representam risco para o paciente e para os outros.

Em 2016, a American Psychiatric Association (APA) estabeleceu diretrizes recomendando que os antipsicóticos sejam utilizados apenas quando os sintomas de psicose ou agitação são severos, perigosos ou causam sofrimento significativo ao paciente. Nesses casos, é aconselhado iniciar o tratamento com a menor dose eficaz e monitorar de perto os efeitos colaterais. Se não houver melhora clínica após quatro semanas, a descontinuação do medicamento deve ser considerada.

No Brasil, não há diretrizes específicas nacionais para o uso de antipsicóticos em pacientes com demência. No entanto, estudos publicados na Revista Brasileira de Psiquiatria ressaltam que, embora esses medicamentos possam ser eficazes no tratamento de sintomas comportamentais e psicológicos associados à demência, seu uso está relacionado a eventos adversos significativos, como aumento do risco de eventos cerebrovasculares e mortalidade. Portanto, recomenda-se cautela na prescrição, buscando sempre otimizar a dosagem e a duração do tratamento, avaliando individualmente a relação risco-benefício.

Além disso, a Associação Médica Brasileira (AMB) enfatiza que o tratamento dos sintomas comportamentais nas demências deve começar com a redução de fatores estressores ambientais e com intervenções não farmacológicas. Apenas quando essas medidas não forem eficazes, e se o paciente representar uma ameaça para si ou para outros, o uso de antipsicóticos deve ser considerado.

É fundamental que profissionais de saúde no Brasil sigam essas recomendações, priorizando abordagens não farmacológicas e considerando cuidadosamente os riscos e benefícios antes de prescrever antipsicóticos a pacientes com demência.


Quais antipsicóticos podem ajudar nos sintomas de demência e Alzheimer?

A American Psychiatric Association (APA) não recomenda um antipsicótico específico em detrimento de outro para o tratamento de pessoas com demência. Além disso, uma revisão de diversos estudos não encontrou evidências de que algum antipsicótico seja superior em termos de eficácia ou segurança.

O que se recomenda, na verdade, é limitar ao máximo o uso desses medicamentos. Caso não haja melhora após quatro semanas de tratamento, o antipsicótico deve ser suspenso. Mesmo quando os sintomas melhoram, é indicado que os profissionais de saúde considerem a interrupção do uso após quatro meses.

A continuidade do medicamento só deve ser considerada se os sintomas se agravarem durante o processo de retirada. Ou seja, o uso deve ser sempre avaliado com cautela, levando em conta os riscos e benefícios para cada paciente.


Os antipsicóticos podem causar demência?

Não. As evidências disponíveis até o momento não indicam que os antipsicóticos causem demência.

Pessoas com esquizofrenia, por exemplo, parecem ter um risco maior de desenvolver demência em comparação com quem não tem a condição. Como os antipsicóticos são parte essencial do tratamento da esquizofrenia, surgiu a dúvida sobre uma possível ligação entre esses medicamentos e a demência.

No entanto, ainda não há provas claras de que os antipsicóticos sejam a causa desse risco aumentado. Mais pesquisas são necessárias para entender melhor essa relação, especialmente nesse grupo específico de pacientes.


Conclusões

Pessoas com demência frequentemente apresentam sintomas como agitação ou alucinações. No entanto, o uso de antipsicóticos nesses casos não é geralmente recomendado, pois esses medicamentos podem aumentar o risco de morte e de outras complicações de saúde em pessoas com psicose relacionada à demência.

Apesar desses riscos, há situações em que o uso de antipsicóticos pode ser necessário — especialmente quando os sintomas são graves, colocam o paciente ou outras pessoas em perigo, ou causam grande sofrimento. Nesses casos, recomenda-se que o tratamento seja de curto prazo, iniciado com a menor dose possível e acompanhado de perto por uma equipe de saúde.

 

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.

 

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Referências

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Lyketsos, CG, et al. (2011). Sintomas neuropsiquiátricos na doença de Alzheimer . Alzheimer e demência .

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Texto traduzido e adaptado do original: https://www.goodrx.com/conditions/dementia/antipsychotics-in-dementia

 

FAQ: perguntas frequentes sobre Demência

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