Entenda a relação entre o Parkinson e as Demências
A doença de Parkinson (DP) pode provocar sintomas físicos, emocionais e cognitivos. Se você ou alguém próximo vive com Parkinson, talvez já tenha ouvido falar que algumas pessoas com a condição desenvolvem demência.
Isso pode gerar dúvidas e preocupações. Afinal, o Parkinson sempre leva à demência? Isso acontece com todos?
Neste texto, vamos esclarecer a relação entre Parkinson e demência, explicar quem está mais propenso a desenvolver esse quadro e apresentar estratégias que podem ajudar a reduzir os riscos.
A doença de Parkinson causa demência?
A doença de Parkinson pode, sim, levar à demência. Esse quadro ocorre quando há alterações significativas nas funções cognitivas, como memória, atenção e raciocínio, a ponto de interferir nas atividades do dia a dia.
O Parkinson pode causar demência porque provoca danos em várias regiões do cérebro, especialmente em uma área chamada substância negra. Essa deterioração afeta diversos sistemas do corpo, o que se reflete em sintomas variados:
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Movimento: Os sinais mais conhecidos do Parkinson são o tremor típico — muitas vezes descrito como “rolar pílula”, em que o polegar e o indicador se esfregam — e a marcha arrastada. Também é comum haver rigidez muscular, lentidão nos movimentos e maior risco de quedas.
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Cognição: O comprometimento cerebral causado pela doença pode provocar dificuldades de memória, atenção e raciocínio. Em alguns casos, esses sintomas evoluem para demência.
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Saúde mental: O Parkinson aumenta a chance de transtornos como depressão, ansiedade, pensamentos paranoicos, alucinações e comportamentos impulsivos.
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Sistema digestivo: É comum que a doença afete o funcionamento do intestino, levando à constipação. Dificuldades para engolir também podem surgir, exigindo atenção especial à alimentação.
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Pele: A condição também pode afetar a saúde da pele. Muitas pessoas com Parkinson relatam pele ressecada ou apresentam dermatite seborreica — uma inflamação que causa descamação oleosa e amarelada, especialmente no rosto, orelhas e couro cabeludo.
A doença de Parkinson sempre leva à demência?
Nem todas as pessoas com doença de Parkinson desenvolverão demência. No entanto, o risco aumenta com o tempo. Para quem convive com Parkinson há mais de 10 anos, estima-se que a chance de desenvolver demência seja de aproximadamente 75%.
Ainda não é possível prever com certeza quem irá apresentar esse quadro, mas alguns fatores estão associados a um risco maior. Entre eles, destacam-se:
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Idade mais avançada
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Sintomas motores mais intensos
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Presença de alucinações visuais
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Déficits cognitivos já existentes antes do diagnóstico
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Distúrbio do sono REM (fase do sono em que ocorrem os sonhos)
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Queda de pressão ao se levantar (hipotensão ortostática)
Reconhecer esses fatores pode ajudar na vigilância precoce e na adoção de estratégias para preservar a função cognitiva pelo maior tempo possível.
A demência de Parkinson é diferente de outros tipos de demência?
A doença de Parkinson compartilha algumas semelhanças com outras formas de demência, mas também apresenta características próprias. Entender as diferenças entre os tipos de demência e seus sintomas pode ajudar a identificar melhor cada condição e oferecer o cuidado mais adequado.
Parkinson e demência com corpos de Lewy
A demência associada ao Parkinson é considerada um tipo de demência por corpos de Lewy. Outro tipo dentro dessa mesma categoria é a demência com corpos de Lewy (DLB). Ambas envolvem o acúmulo de proteínas anormais, chamadas corpos de Lewy, nas células do cérebro.
Essas condições compartilham sintomas parecidos, como tremores, marcha arrastada e perda de memória. No entanto, alucinações visuais são mais frequentes na demência com corpos de Lewy.
A principal diferença entre elas é conhecida como a "regra de 1 ano":
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Quando os sintomas motores e cognitivos surgem ao mesmo tempo — ou em até um ano de diferença — o diagnóstico tende a ser de demência com corpos de Lewy.
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Já na demência associada ao Parkinson, os sintomas motores aparecem primeiro, e os sinais de demência surgem apenas depois de um ano ou mais, muitas vezes anos depois.
Juntas, essas duas formas compõem o terceiro tipo mais comum de demência, ficando atrás apenas do Alzheimer e da demência vascular.
Demência de Alzheimer
A demência de Alzheimer é a forma mais comum de demência, sendo responsável por cerca de 70% dos casos. Sua principal característica é a perda progressiva da memória e das habilidades cognitivas, como raciocínio, linguagem e tomada de decisões.
Todas as pessoas com Alzheimer desenvolvem demência ao longo da evolução da doença. Em estágios mais avançados, podem surgir delírios e alucinações, mas esses sintomas são menos frequentes.
Diferente do Parkinson, a doença de Alzheimer não costuma apresentar problemas motores nas fases iniciais. No entanto, nas fases mais avançadas, é comum que a pessoa tenha dificuldade para se mover, caminhar e realizar tarefas básicas do dia a dia.
Demência vascular
A demência vascular é o segundo tipo mais comum de demência. Ela ocorre quando o fluxo de sangue para o cérebro é interrompido ou reduzido, impedindo que o oxigênio e os nutrientes cheguem de forma adequada às células cerebrais. Isso costuma acontecer após um derrame.
Os sintomas variam de acordo com a área do cérebro afetada. Por isso, podem incluir dificuldades de memória, raciocínio, fala ou movimento, dependendo da lesão.
Diferente de outras formas de demência, que geralmente pioram de forma contínua, a demência vascular tende a se manter estável — a menos que a pessoa sofra um novo derrame, o que pode agravar o quadro.
Demência frontotemporal
A demência frontotemporal (DFT) é menos comum do que os outros tipos de demência mencionados anteriormente. Ela costuma se manifestar de forma diferente e, em muitos casos, aparece em pessoas mais jovens, geralmente entre 45 e 65 anos.
Ao contrário de outras demências, a DFT é marcada principalmente por mudanças de comportamento e personalidade, e não pela perda de memória nos estágios iniciais. É comum que a pessoa apresente atitudes socialmente inadequadas, impulsividade, apatia ou alterações emocionais, o que pode ser confundido, inicialmente, com problemas psiquiátricos.
Outros tipos de demência
Existem outros tipos de demência, embora sejam menos comuns. Qualquer condição que afete o funcionamento do cérebro pode, em algum momento, levar ao desenvolvimento de demência.
Casos como lesões cerebrais traumáticas, especialmente repetidas ao longo do tempo, e o uso excessivo de álcool estão entre as possíveis causas. Doenças infecciosas também podem provocar demência em determinadas situações.
Alguns exemplos incluem a neurossífilis, a demência associada ao HIV e a doença de príons — uma condição rara e grave que afeta rapidamente o sistema nervoso.
Como saber se a demência de Parkinson está começando?
É normal ficar um pouco mais esquecido com o passar dos anos ou perceber que o raciocínio está mais lento — isso vale inclusive para pessoas com doença de Parkinson. No entanto, quando essas mudanças se tornam frequentes e começam a interferir na rotina e na segurança da pessoa, é importante investigar a possibilidade de demência.
Alguns sinais que podem indicar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada incluem:
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Esquecimentos frequentes ou confusão constante
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Esquecer compromissos importantes
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Dificuldade para pagar contas ou organizar as finanças
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Perder-se em lugares conhecidos
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Tomar decisões inadequadas ou demonstrar julgamento prejudicado
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Trocar ou esquecer palavras com frequência
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Repetir as mesmas perguntas ou frases diversas vezes
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Ter dificuldade para manusear objetos ou aparelhos de uso comum
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Apresentar alucinações
Caso esses sintomas estejam presentes, é fundamental procurar orientação médica. O diagnóstico precoce pode ajudar no planejamento do cuidado e na qualidade de vida.
É possível prevenir a demência de Parkinson?
Atualmente, não existe um tratamento capaz de impedir que pessoas com Parkinson desenvolvam demência. No entanto, alguns hábitos podem ajudar a retardar a progressão da doença como um todo.
Além disso, mudanças no estilo de vida — como manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas, estimular o cérebro e cuidar da saúde emocional — também podem contribuir para reduzir o risco de desenvolver demência.
Exercício
O exercício físico tem um efeito protetor comprovado na progressão da doença de Parkinson. Ele pode melhorar a saúde do cérebro e reduzir o risco de demência em pessoas com a condição.
A recomendação da American Heart Association é de, pelo menos, 150 minutos de atividade física moderada por semana. No caso de quem vive com Parkinson, o ideal é se movimentar o máximo possível, dentro dos próprios limites.
Atividades como caminhada, exercícios de equilíbrio, tai chi e yoga podem ser especialmente benéficas. Contar com a orientação de um profissional, como um treinador ou fisioterapeuta, pode ser importante para quem precisa de apoio durante os exercícios.
Além disso, terapias prescritas — como fisioterapia e terapia ocupacional — ajudam a recuperar a mobilidade, manter a autonomia e reduzir o risco de quedas.
Experimente a dieta mediterrânica
A dieta mediterrânea tem mostrado bons resultados na redução do risco geral de demência. Além de proteger a saúde do cérebro, ela traz diversos outros benefícios.
Seguir esse padrão alimentar pode ajudar a diminuir o risco de doenças cardíacas e contribuir para uma vida mais longa e saudável.
Evite álcool e tabaco
O consumo excessivo de álcool e o tabagismo aumentam o risco de desenvolver demência. Por isso, é recomendado evitar o cigarro e, se for consumir bebidas alcoólicas, que seja com moderação — ou, se possível, não consumir.
Se você fuma, vale buscar apoio para reduzir ou parar completamente, o que trará benefícios não só para o cérebro, mas para a saúde como um todo.
Tratar problemas de saúde mental
Pessoas com doença de Parkinson têm um risco até quatro vezes maior de desenvolver depressão. E a depressão, por si só, pode afetar a memória e aumentar o risco de demência.
No caso do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), um estudo de grande escala mostrou que indivíduos com TDAH têm quase três vezes mais chances de desenvolver demência. No entanto, aqueles que receberam tratamento com medicamentos estimulantes não apresentaram esse risco aumentado.
Se você ou alguém próximo estiver enfrentando sintomas de saúde mental, como tristeza persistente, ansiedade, mudanças de humor ou desatenção, é importante conversar com a equipe de saúde. O acompanhamento adequado pode fazer toda a diferença na qualidade de vida e na prevenção de complicações.
Conclusões
Se você ou alguém próximo vive com a doença de Parkinson, é natural que a possibilidade de demência cause preocupação. Embora ainda não exista uma forma de impedir esse avanço, adotar um estilo de vida saudável — especialmente com a prática regular de exercícios — é uma das melhores maneiras de atrasar ou reduzir a progressão dos sintomas, incluindo os relacionados à cognição.
Fique atento a sinais de depressão, que também podem impactar a memória e o bem-estar geral, e busque ajuda profissional se necessário.
Contar com o acompanhamento de um especialista em Parkinson aumenta as chances de identificar possíveis sinais de demência de forma precoce e iniciar o tratamento adequado, promovendo mais qualidade de vida ao longo do tempo.
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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.
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Texto traduzido e adaptado do original: https://www.goodrx.com/conditions/parkinsons-disease/does-parkinsons-disease-increase-your-risk-of-dementia
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