Entenda o uso de Leqembi
Lidar com a doença de Alzheimer pode ser desafiador, especialmente porque ainda não há cura para a condição. No entanto, novas aprovações de medicamentos e mais de 100 ensaios clínicos em andamento trazem esperança para o futuro do tratamento.
Embora esses avanços sejam promissores, é importante considerar que nem todos os pacientes podem se beneficiar igualmente. Muitos ensaios clínicos ainda não refletem a diversidade da população afetada. Um exemplo disso é o estudo global do Leqembi (lecanemab), um dos tratamentos mais recentes para Alzheimer, no qual apenas cerca de 3% dos participantes eram negros. Esse número preocupa, especialmente porque adultos negros têm até duas vezes mais chance de desenvolver Alzheimer em comparação com adultos brancos.
Diante desse cenário, é fundamental discutir os desafios adicionais enfrentados por diferentes grupos raciais e étnicos no tratamento da doença. Também é essencial buscar estratégias para tornar os ensaios clínicos mais inclusivos, garantindo que os avanços no tratamento beneficiem a todos de forma mais equitativa.
Como os medicamentos anti-amiloides tratam a doença de Alzheimer?
Os medicamentos anti-amiloides são anticorpos monoclonais desenvolvidos para combater o acúmulo de proteínas no cérebro, conhecidas como placas beta-amiloides. Essas placas interferem na comunicação entre as células cerebrais e podem desencadear uma resposta do sistema imunológico que leva à destruição dessas células. Esse processo está associado a sintomas de demência, como perda de memória, dificuldades na fala e mudanças de humor.
Esses medicamentos funcionam ao se ligar às placas beta-amiloides, sinalizando para o sistema imunológico removê-las. Eles podem ser eficazes no tratamento do Alzheimer em estágio inicial, mas ainda estão sendo estudados para avaliar seus efeitos a longo prazo e sua possível aplicação em estágios mais avançados da doença.
Atualmente, o Leqembi é o único medicamento anti-amiloide disponível nos Estados Unidos. O Aduhelm (aducanumabe), fabricado pela mesma empresa, será retirado voluntariamente do mercado, permitindo que o foco do desenvolvimento e da distribuição seja direcionado ao Leqembi.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não aprovou o uso de medicamentos anti-amiloides, como o Leqembi (lecanemabe) e o Aduhelm (aducanumabe), para o tratamento da doença de Alzheimer. Embora esses medicamentos tenham sido aprovados nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA), eles ainda não estão disponíveis no mercado brasileiro. A Biogen, fabricante do Aduhelm, submeteu o dossiê de registro do aducanumabe à Anvisa em fevereiro de 2021, mas até o momento não houve aprovação.
Além disso, a União Europeia rejeitou a aprovação do Leqembi, citando preocupações com a eficácia limitada e potenciais efeitos colaterais graves, como inchaço e sangramentos no cérebro.
Portanto, no Brasil, o tratamento da doença de Alzheimer continua sendo realizado com os medicamentos disponíveis, como os anticolinesterásicos, que ajudam a controlar os sintomas da doença. É importante que pacientes e familiares consultem profissionais de saúde para obter orientações atualizadas sobre opções terapêuticas e participar de discussões sobre possíveis tratamentos emergentes.
Os tratamentos mais recentes para Alzheimer beneficiam todas as pessoas igualmente?
Não. Os medicamentos antiamiloides podem não ter o mesmo efeito para todas as pessoas. Algumas pesquisas indicam que adultos negros e hispânicos com doença de Alzheimer costumam apresentar menos placas beta-amiloides no cérebro. Isso pode significar que esses tratamentos não funcionam tão bem para eles em comparação com adultos brancos. Esses achados sugerem que a doença de Alzheimer pode ter diferentes formas de início e progressão entre diferentes grupos raciais e étnicos.
Os medicamentos antiamiloides são seguros e eficazes para adultos negros?
Ainda não sabemos ao certo. Mais pesquisas são possíveis para entender completamente se os medicamentos antiamiloides são seguros e eficazes para adultos negros.
Além disso, é importante considerar os possíveis efeitos colaterais desses medicamentos, especialmente quando sua eficácia pode ser menor para esse grupo.
Os medicamentos antiamiloides possuem um aviso de segurança da FDA sobre um efeito colateral chamado ARIA (anormalidades de imagem relacionadas ao amiloide). Esse efeito pode causar acúmulo de líquido ou pequenos sangramentos no cérebro. Geralmente, ocorre no início do tratamento e desaparece em cerca de quatro meses, sem causar danos a longo prazo. No entanto, os médicos monitoram esse risco com ressonâncias magnéticas regulares e observam sinais de ARIA. Caso haja alterações na ressonância, o tratamento pode ser interrompido ou ajustado.
Outros possíveis efeitos colaterais dos medicamentos antiamiloides incluem:
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Confusão
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Dor de cabeça
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Reações à infusão, como sintomas gripais, falta de ar e tontura
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Maior risco de queda
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Náusea
Como os novos medicamentos para Alzheimer são afetados pelas disparidades raciais?
Atualmente, os ensaios clínicos de medicamentos para Alzheimer não estudaram suficientemente as diferenças de segurança e eficácia entre diversos grupos raciais e étnicos. Além disso, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou medicamentos antiamiloides para tratar adultos com Alzheimer em estágio inicial.
No entanto, adultos negros muitas vezes recebem o diagnóstico em estágios mais avançados da doença, o que pode impedir o acesso a esses tratamentos. Fatores como acesso limitado aos serviços de saúde, discriminação e a crença de que a perda de memória é parte normal do envelhecimento contribuem para esse diagnóstico tardio.
No Brasil, a população negra enfrenta desafios semelhantes. Estudos indicam que pessoas negras demoram mais para receber o diagnóstico de Alzheimer e têm menos acesso a exames como a ressonância magnética. Além disso, condições sociais e estilos de vida específicos tornam a população negra mais vulnerável ao Alzheimer.
Essas questões destacam a necessidade de políticas públicas que promovam a equidade no diagnóstico e tratamento do Alzheimer, garantindo que todos os grupos raciais e étnicos tenham acesso igualitário aos cuidados de saúde.
Por que há falta de diversidade nos ensaios clínicos sobre Alzheimer?
Historicamente, os ensaios clínicos enfrentaram desafios relacionados à diversidade, não refletindo especificamente a composição demográfica da população. No Brasil, esta questão é particularmente relevante devido à sua rica diversidade étnica e racial.
A inclusão de participantes de diferentes origens étnicas e raciais em estudos clínicos é essencial para garantir que os tratamentos desenvolvidos sejam eficazes e seguros para toda a população. No entanto, diversos fatores importantes para a sub-representação de minorias nesses estudos, incluindo:
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Falta de educação sobre a doença de Alzheimer: Muitas comunidades carecem de informações adequadas sobre a doença, seus sintomas e a importância da participação em pesquisas clínicas.
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Desconfiança em sistemas de saúde e de ensaios clínicos: Históricos podem de discriminação e experiências negativas gerar receitas anteriores em relação à participação em estudos.
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Acesso limitado a locais físicos de ensaios clínicos: A localização geográfica e a falta de infraestrutura podem dificultar o acesso de comunidades remotas ou marginalizadas a centros de pesquisa.
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Menos tempo livre devido a compromissos de trabalho ou familiares: Responsabilidades profissionais e familiares podem impedir a disponibilidade necessária para participação em estudos clínicos.
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Estigmas em torno de ser o primeiro a tentar um novo tratamento experimental: Medo do desconhecido e preocupações com possíveis efeitos adversos podem encorajar a participação.
No contexto brasileiro, as iniciativas foram adotadas para abordar essas questões. Por exemplo, a Sanofi assumiu o compromisso de, até 2025, garantir que pelo menos 25% dos participantes de seus estudos clínicos no Brasil sejam pessoas negras. Essa medida visa promover a equidade na saúde e reconstruir a confiança de grupos historicamente marginalizados no sistema de saúde.
Além disso, a diversidade étnica e racial do Brasil representa uma oportunidade única para a pesquisa clínica. A miscigenação presente no país permite a realização de estudos com amostras heterogêneas, potencializando os resultados e tornando-os mais aplicáveis a diferentes nações. Isso também desperta o interesse de empresas multinacionais em investir em estudos mais robustos e abrangentes no país.
Para superar as barreiras à participação de minorias em ensaios clínicos, é fundamental investir na educação e conscientização sobre a importância desses estudos, além de desenvolver materiais culturalmente sensíveis e promover a diversidade entre os profissionais de saúde envolvidos na pesquisa. Tais medidas contribuem para a inclusão efetiva de diferentes grupos étnicos e raciais, podendo garantir que os benefícios dos avanços científicos sejam compartilhados por toda a sociedade.
Como a diversidade nos ensaios clínicos pode ser melhorada?
A diversidade em ensaios clínicos é essencial para garantir que os tratamentos sejam eficazes e seguros para toda a população, não apenas para grupos específicos. Quanto mais representativa for a amostra dos estudos, mais precisas serão as conclusões sobre como diferentes pessoas respondem a um determinado tratamento.
Nos últimos anos, organizações governamentais e médicas passaram a reconhecer a importância dessa inclusão. Em 2022, a FDA forneceu diretrizes para tornar os ensaios clínicos mais acessíveis e diversos. Algumas estratégias sugeridas incluem:
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Escolher locais estratégicos: Realizar os estudos em regiões com diversidade populacional aumenta a chance de participação de diferentes grupos. Quanto mais próximo e acessível for o local do ensaio, maior a adesão.
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Recrutar equipes de pesquisa diversas: Contar com profissionais de diferentes origens e culturas facilita o contato e a confiança dos participantes no estudo, além de melhorar a comunicação.
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Oferecer suporte financeiro: Cobrir custos de deslocamento e oferecer compensação pelo tempo gasto pode incentivar mais pessoas a participarem, principalmente aquelas com menos recursos.
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Engajar a comunidade: Trabalhar em parceria com líderes locais, profissionais de saúde e grupos de apoio pode aumentar a conscientização sobre ensaios clínicos e reduzir a desconfiança na pesquisa científica.
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Definir metas claras de inclusão: Estabelecer objetivos específicos para garantir a participação de diferentes grupos étnicos e sociais ajuda a criar estudos mais representativos.
Um exemplo de iniciativa para ampliar a diversidade nos ensaios clínicos é o estudo New IDEAS, que busca aumentar a participação de negros, hispânicos e latinos em pesquisas sobre Alzheimer. O estudo utiliza exames PET para analisar placas beta-amiloides no cérebro e compartilhar esses resultados com outros pesquisadores. Isso pode contribuir para reduzir a lacuna na representação de diferentes populações nos estudos sobre a doença.
No Brasil, iniciativas semelhantes são fundamentais para garantir que os tratamentos sejam eficazes para toda a população. Com a grande diversidade étnica do país, é essencial que os ensaios clínicos reflitam essa realidade, permitindo que os avanços científicos beneficiem a todos.
Conclusões
Os medicamentos antiamiloides, como o Leqembi (lecanemabe), têm o objetivo de retardar a progressão da doença de Alzheimer ao agir sobre uma das causas da condição. No entanto, esses tratamentos podem não funcionar da mesma forma para todas as pessoas. A maioria dos participantes dos ensaios clínicos realizados até agora eram adultos brancos, o que limita a compreensão sobre sua eficácia em diferentes grupos populacionais.
A boa notícia é que novos estudos estão sendo conduzidos com amostras mais diversas, permitindo uma avaliação mais precisa sobre o impacto desses medicamentos em diferentes perfis de pacientes.
Se você tem interesse em saber mais sobre ensaios clínicos para Alzheimer, vale a pena pesquisar os estudos disponíveis na sua região. Além disso, seu médico pode ajudá-lo a encontrar informações e, se for o caso, orientá-lo sobre a possibilidade de participar de uma pesquisa.
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Referências
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Texto traduzido e adaptado do original: https://www.goodrx.com/classes/amyloid-beta-directed-antibodies/alzheimers-clinical-trials-disparities
FAQ: perguntas frequentes sobre Leqembi
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