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Perda auditiva pode levar à demência — mas você pode tomar medidas para proteger seu cérebro

Escrito por

Wilton de Andrade

Última atualização

20/03/2025

Entenda a relação entre a perda auditiva e demência

A perda auditiva é uma condição prevalente que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente com o avanço da idade. Nos Estados Unidos, mais de 37 milhões de pessoas enfrentaram problemas de audição. Aos 75 anos, metade da população adulta americana apresenta perda auditiva incapacitante. Entretanto, menos de 30% dos adultos acima de 70 anos que especialmente de aparelhos auditivos já os utilizaram .

No Brasil, a situação é igualmente preocupante. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, 5,1% da população brasileira, ou cerca de 9,8 milhões de pessoas, afirmaram ter alguma deficiência auditiva. Desses, aproximadamente 2,1 milhões apresentam deficiência auditiva grave. A prevalência de perda auditiva aumenta com a idade, afetando entre 30% e 90% dos idosos brasileiros. No entanto, dados específicos sobre o uso de aparelhos auditivos entre os brasileiros são escassos

A perda auditiva não corporativa pode impactar diversos aspectos da vida e da saúde, incluindo alterações no funcionamento cerebral. Estudos indicam que a perda auditiva pode levar a problemas de memória e cognição, evoluindo para quadros de demência. A boa notícia é que existem tratamentos eficazes para a perda auditiva, e o uso adequado de aparelhos auditivos pode reverter muitos desses sintomas, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos afetados.

Como a perda auditiva afeta a função cognitiva?

A audição desempenha um papel essencial na função cerebral. O som permite que o cérebro se comunique, interprete emoções e identifique perigos, entre outras funções.

Ao ouvir um som, diversas áreas do cérebro são ativadas simultaneamente. Por exemplo, se você escutar um rugido de leão atrás de você, seu cérebro reagirá automaticamente, ativando seus músculos para correr, organizando palavras para pedir ajuda e buscando uma rota segura.

Com a perda auditiva, a quantidade de estímulos sonoros que chegam ao cérebro diminui, tornando-o menos ativo. Assim como os músculos enfraquecem sem uso, a função cerebral também pode se deteriorar.

Mesmo uma perda auditiva leve pode ter um grande impacto, reduzindo a estimulação intelectual e aumentando o risco de isolamento social. Isso reforça a importância de identificar e tratar precocemente qualquer dificuldade auditiva.

A perda auditiva pode causar demência?

Sim, estudos estimam que a perda auditiva seja responsável por 8% dos casos de demência.

A boa notícia é que, quando a perda auditiva é a principal causa do comprometimento cognitivo, seus efeitos podem ser revertidos. Pesquisas indicam que três meses de tratamento com aparelhos auditivos ou implantes cocleares podem melhorar memória, concentração e raciocínio.

O diagnóstico de demência é um processo complexo, baseado em sintomas e testes cognitivos. Em alguns casos, uma pessoa pode receber esse diagnóstico quando, na verdade, o problema está na perda auditiva.

Na maioria dos casos, a demência é irreversível, resultando de alterações permanentes no cérebro causadas por doenças crônicas, lesões cerebrais, uso excessivo de álcool ou drogas e envelhecimento. Embora a perda auditiva possa agravar o quadro, ela não é a causa primária nesses casos.

No entanto, há uma relação clara entre a gravidade da perda auditiva e o risco de demência:

Perda auditiva leve: dobra o risco de demência.
Perda auditiva moderada: triplica o risco.
Perda auditiva severa: aumenta o risco em cinco vezes.

Esses dados reforçam a importância de identificar e tratar precocemente a perda auditiva, ajudando a preservar a função cognitiva e a qualidade de vida.

O que alguém com perda auditiva pode fazer para prevenir a demência?

A perda auditiva nem sempre pode ser restaurada completamente, mas aparelhos auditivos e implantes cocleares podem melhorar a audição e ajudar a preservar a função cerebral, reduzindo seus efeitos negativos.

Além disso, pesquisas indicam que a atividade mental contínua também pode diminuir o risco de demência. Pessoas que se aposentam mais tarde tendem a ter menos declínio cognitivo, mantendo habilidades como memória, raciocínio, cálculos e linguagem por mais tempo. (Se há um lado positivo em trabalhar por mais tempo, é que isso pode manter sua mente mais afiada!)

Embora algumas causas da demência, como predisposição genética, estejam fora do nosso controle, existem formas de reduzir o risco. A seguir, veja 12 hábitos que podem ajudar a prevenir a demência ao longo da vida.

Estágio inicial da vida

Continue na escola. A educação ajuda na aptidão geral do cérebro.

Estágio de meia-idade

Trate a perda auditiva com aparelhos auditivos.
Evite lesões na cabeça, como concussões , e os esportes que as causam.
Mantenha sua pressão arterial dentro da faixa normal , seja com mudanças no estilo de vida ou com medicamentos.
Beba álcool com moderação; o risco de demência aumenta com mais de 21 doses por semana.
Mantenha um peso saudável .
Pare de fumar .
Evite a poluição do ar, que inclui fumaça de cigarro, bem como cidades com má qualidade do ar.
Reduza o risco de diabetes , que pode causar danos aos vasos sanguíneos do cérebro.

Estágio de vida posterior

Trate a depressão e os sintomas de humor.
Reserve um tempo para engajamento social, como atividades em grupo e tempo com amigos e familiares.
Mantenha-se ativo — adultos mais velhos devem praticar 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana.

Aparelhos auditivos ajudam com demência?

Sim, melhorar a audição pode reduzir ou até reverter sintomas de demência causados pela perda auditiva. Além disso, pode ajudar a evitar o isolamento social , fator que impacta tanto o risco de demência quanto à saúde mental .

Quanto mais cedo a perda auditiva for tratada, melhor. Pessoas com perda auditiva leve a moderada podem se beneficiar do uso de aparelhos auditivos, enquanto aquelas com perda auditiva severa , que já não conseguem entender a fala, podem obter melhores resultados com implantes cocleares.

Os aparelhos auditivos são caros?

Tratar a perda auditiva é essencial, mas muitas pessoas se preocupam com o custo dos aparelhos auditivos.

Alguns planos de saúde e Medicare Advantage nos Estados Unidos oferecem cobertura para esses dispositivos. Além disso, há uma boa notícia: em agosto de 2022, o FDA aprovou uma nova categoria de aparelhos auditivos de venda livre para adultos, tornando o acesso mais fácil e acessível.

Por isso, não deixe que a preocupação com os custos impeça você de procurar um profissional de saúde para avaliar suas opções.

Conclusões

As mudanças na audição podem causar mais impactos do que se imagina. Pessoas com perda auditiva tendem a se isolar socialmente, e, com o tempo, o cérebro pode se tornar menos ativo, aumentando o risco de demência.

A boa notícia é que o tratamento adequado — incluindo aparelhos auditivos e implantes cocleares — pode reverter esses sintomas e preservar a função cerebral.

Se você está preocupado com a perda auditiva, seja para você ou para alguém próximo, procure um fonoaudiólogo ou profissional de saúde. Quanto mais cedo for feito o tratamento, menor será o risco de impactos cognitivos a longo prazo.

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.