Como lidar com medos e preocupações da infância como pai
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Escrito por
Wilton de Andrade
Última atualização
08/10/2024
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Aprenda como superar as preocupações de pai

À medida que as crianças crescem, elas enfrentam muitos medos e preocupações com os quais estão aprendendo a lidar. Desde monstros debaixo da cama até a pressão dos colegas, esses sentimentos podem ser uma parte normal da infância. No entanto, às vezes esses medos e preocupações podem se intensificar e afetar negativamente a criança.

Você pode ajudar seu filho proporcionando um espaço seguro para que ele expresse seus sentimentos abertamente. Além de entender como ajudar seu filho com a ansiedade, abordaremos como reconhecer os sinais de ansiedade, como responder a esses sinais e a quem recorrer quando precisar de ajuda.

 

É medo e preocupação, ou é ansiedade?

Medo e preocupação são muito comuns em crianças. Diferentes preocupações surgem em diferentes fases do desenvolvimento físico e emocional. Essas preocupações são consideradas "apropriadas ao desenvolvimento", o que significa que fazem parte do crescimento emocional e social humano. 

Além disso, os medos e preocupações infantis mudam com o tempo. Por exemplo, bebês ou crianças pequenas podem ter medo de se separar dos pais; crianças pequenas geralmente têm medo do escuro; e adolescentes podem se preocupar com uma apresentação importante na escola. Esses sentimentos funcionam como um sistema de alerta para algo desconhecido ou que parece errado, servindo como protetores naturais para nos manter seguros.

A ansiedade em crianças ocorre quando o medo e a preocupação se tornam difíceis de superar ou começam a interferir na escola, em casa ou nas brincadeiras. Entre 7% e 20% das crianças e adolescentes são diagnosticados com ansiedade. A pandemia de COVID-19 também levou a um aumento nos níveis de ansiedade infantil, com estimativas recentes apontando uma duplicação nos casos de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes desde o início da pandemia.

As principais categorias de ansiedade em crianças incluem:

 

Como crianças e adultos demonstram ansiedade de forma diferente?

Crianças não são apenas pequenos adultos. Enquanto os adultos conseguem expressar verbalmente suas experiências de medo, estresse e preocupação, a maioria das crianças não tem essa habilidade. Como resultado, a ansiedade em crianças pode se manifestar tanto fisicamente quanto emocionalmente. Dependendo da idade, as crianças podem apresentar diferentes sinais externos de ansiedade.

Alguns dos sinais e sintomas mais comuns de ansiedade em crianças incluem:

  • Queixas físicas, como dores de estômago ou de cabeça
  • Evitar pessoas, lugares ou atividades
  • Distúrbios do sono
  • Pensamentos ou ações repetitivas (comportamentos obsessivo-compulsivos)
  • Pensamentos ruins ou assustadores
  • Medo de passar vergonha ou cometer erros
  • Problemas alimentares ou recusa em comer
  • Mutismo seletivo (não falar)
  • Regressão comportamental (como urinar na cama)
  • Comportamentos de auto apaziguamento, como roer as unhas
  • Baixa autoestima ou confiança
  • Comportamentos desafiadores
  • Mudança nas interações sociais ou afastamento de grupos sociais

 

Como meu filho vai me dizer que tem ansiedade?

A maioria das crianças não consegue expressar diretamente que está sentindo ansiedade. Muitas vezes, os pais precisam agir como verdadeiros detetives para descobrir o que está acontecendo. Algumas maneiras de incentivar as crianças a se abrirem sobre seus sentimentos incluem:

  • Crie confiança e conexão: Apenas dizer a uma criança que ela pode confiar em você geralmente não é suficiente. As crianças só se abrem para adultos com quem se sentem seguras e protegidas. Estabeleça e reforce a confiança de forma consistente, para que seu filho saiba que pode contar com você para lidar com assuntos confusos e difíceis.
  • Incentive a comunicação aberta e sem julgamentos: Muitas crianças temem se meter em problemas, desapontar os pais ou que suas preocupações e medos não sejam mantidos em segredo. É essencial que elas sintam que podem falar honestamente, e que não existe preocupação grande demais para os pais lidarem. Promover um relacionamento baseado em comunicação aberta e sem julgamentos ajudará seu filho a não esconder seus sentimentos. Algumas crianças até se beneficiam de ter um sinal específico para indicar que precisam conversar.
  • Adapte sua abordagem: Cada criança tem uma maneira única de se comunicar. Algumas preferem conversar à noite, quando o dia termina, enquanto outras expressam seus medos e preocupações por meio de desenhos ou brincadeiras imaginativas. Estar sintonizado com a forma de comunicação do seu filho o ajudará a se sentir seguro e confiante, permitindo que ele compartilhe o que está em sua mente.
  • Programe tempo individual: Criar oportunidades intencionais para passar tempo a sós com seu filho tira a pressão de ele mesmo ter que buscar esses momentos. A maioria das crianças não se abre sobre sentimentos em ambientes de grupo. Ter tempo individual programado permite que elas saibam que há uma oportunidade para conversar em particular.

 

Como devo reagir se meu filho disser que está preocupado, estressado ou assustado?

  • Ouça: Em vez de se apressar para dar sua opinião ou oferecer uma solução, simplesmente ouça. Há muitas ferramentas de escuta ativa que os pais podem usar para fazer as crianças se sentirem verdadeiramente ouvidas. Às vezes, as crianças não estão buscando uma solução, apenas querem ser escutadas. No caso de crianças mais velhas, é válido perguntar se elas preferem que você apenas ouça ou ajude a resolver o problema.
  • Valide: Como seu filho se sente em relação à sua preocupação é tão importante quanto o que está causando essa preocupação. Para uma criança que ainda não sabe diferenciar grandes problemas de pequenos, até uma preocupação aparentemente pequena pode gerar muita angústia. Dizer a uma criança que ela "não precisa se preocupar" geralmente não funciona. É mais eficaz mostrar que você entende o quanto seus pensamentos podem ser assustadores para ela. Por exemplo, você não precisa concordar que há um monstro no armário, mas pode reconhecer o medo que essa ideia provoca. Validar os sentimentos da criança não significa concordar com a preocupação.
  • Controle sua própria reação: As crianças observam as reações dos pais para medir como devem se sentir em relação a medo, vergonha e autovalor. Às vezes, o que seus filhos dizem pode desencadear reações fortes em você — mas as reações deles podem ser diferentes das suas. Tente controlar suas emoções, mesmo que o que você ouve seja preocupante. Isso exige que os pais ouçam antes de reagir. Embora seja uma tarefa difícil, tente explorar os sentimentos da criança antes de julgar ou nomear as emoções por ela.
  • Triagem: Assim como em um hospital, onde a gravidade da situação é avaliada rapidamente, os pais devem tentar entender a seriedade do problema. A criança está em segurança ou corre risco de se machucar ou machucar outras pessoas? Há algum componente físico da ansiedade, como a recusa em comer, que pode ser prejudicial? Esses são alguns dos sinais que podem indicar a necessidade de buscar ajuda externa.

 

Quando devo procurar ajuda para a ansiedade do meu filho?

Se tiver alguma dúvida, sempre converse com o profissional de saúde do seu filho. Muitas vezes, não pensamos em recorrer a eles para tratar preocupações e ansiedade, mas pediatras e médicos de família são tão experientes nessas questões quanto no bem-estar físico da criança.

Aqui estão alguns sinais de que os sentimentos do seu filho podem ser maiores do que você consegue lidar em casa:

  • Seu filho representa uma ameaça para si mesmo.
  • Seu filho representa uma ameaça para os outros.
  • Seu filho está passando por mudanças físicas prejudiciais (como não comer, não dormir ou se machucar).
  • Os comportamentos do seu filho estão se tornando mais frequentes ou mais intensos.
  • O comportamento do seu filho está causando perturbações cada vez maiores na vida cotidiana dele ou da família.

Como sei se meu filho está em crise?

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, "uma situação de crise ocorre sempre que seu filho não está mais seguro para si mesmo ou para os outros, ou quando há necessidade de intervenção imediata."

Se seu filho estiver em crise, você pode:

  • Ligar para o serviço de emergência de saúde mental da sua cidade ou região.
  • Entrar em contato com a polícia local pelo número 190.
  • Levar seu filho ao pronto-socorro mais próximo.

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio 24 horas por dia pelo telefone 188.

 

Que tipo de ajuda existe para crianças com ansiedade?

Existem diferentes tipos de ajuda e tratamento disponíveis para crianças com ansiedade. A maioria dos tratamentos começa com alguma forma de terapia, como terapia lúdica, terapia da fala ou terapia cognitivo-comportamental. Medicamentos para ansiedade são menos utilizados em crianças do que em adultos.

Há também tratamentos mais recentes que se concentram em ensinar aos pais habilidades para ajudar a controlar a ansiedade da criança, em vez de focar exclusivamente na criança. Os tratamentos podem ser aplicados individualmente ou combinados para proporcionar um cuidado mais integrado e eficaz.

Converse com os profissionais de saúde para determinar o melhor tipo de ajuda para você e seu filho.

 

O que posso fazer em casa para ajudar meu filho?

Se você determinou que seu filho não está em crise, há algumas coisas que você pode fazer em casa para ajudar com a ansiedade:

Crie um lugar de conforto: Às vezes, as crianças só precisam de um espaço para se acalmar. Criar um local em sua casa que funcione como um refúgio seguro e reconfortante pode ser útil. Se elas gostam de ler, coloque alguns livros naquele espaço. Se gostam de arte, adicione materiais como papel e lápis. Torne o espaço aconchegante e confortável, sem associá-lo a punições ou consequências negativas. Ele deve ser um local para que elas possam se acalmar e reabastecer suas energias.

Externalize emoções: Muitas crianças não sabem como expressar seus sentimentos de maneira segura ou como lidar com múltiplas emoções ao mesmo tempo. Por exemplo, sentir raiva de alguém que amam pode ser confuso. Os pais podem liderar pelo exemplo, modelando como falar sobre sentimentos de maneira natural. Fale sobre como seu corpo reage a diferentes emoções, como felicidade ou frustração. Incentive as crianças a externalizar suas emoções por meio de atividades como desenhar ou escrever em um diário. Experimente diferentes abordagens para descobrir o que funciona melhor para seu filho.

Não torne as emoções negativas: Ansiedade e depressão podem estar cercadas de equívocos e sentimentos de vergonha, mas todas as emoções, boas ou ruins, fazem parte da experiência humana. É essencial que as crianças saibam que sentimentos como tristeza, frustração e raiva são normais e que está tudo bem expressá-los. Como adulto, tenha cuidado com as palavras que usa quando a criança está chateada, para evitar associar o medo e a preocupação a algo negativo. Emoções são simplesmente informações importantes — não há "bom" ou "ruim".

Não evite: Evite permitir que a criança fuja daquilo que a deixa ansiosa. A evitação aumenta o medo ao longo do tempo e reforça a preocupação. Ao invés disso, ajude-a a enfrentar gradualmente suas preocupações em um ambiente seguro e acolhedor.

 

O resultado final

Medo e preocupação são partes normais do crescimento e desenvolvimento de uma criança. No entanto, essas emoções podem se intensificar quando os pais não sabem como reagir, avaliar ou responder adequadamente. Há medidas que os pais podem adotar para ajudar as crianças a compartilhar e lidar com suas preocupações e medos. Embora essas situações possam parecer avassaladoras para a criança e a família, tomar apenas uma ação simples pode aliviar parte da angústia.

Incentive seu filho a se sentir seguro para expressar suas preocupações. Aprenda a identificar sinais de ansiedade e reconheça quando alguém na sua família pode precisar de ajuda. Buscar informações é o primeiro passo para lidar com esses sentimentos de forma eficaz.

 

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.

 

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Referências

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Texto adaptado e traduzido do original: https://www.goodrx.com/conditions/generalized-anxiety-disorder/anxiety-in-children

 

FAQ: perguntas frequentes sobre a ansiedade parental