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É possível misturar lítio e álcool?

Escrito por

Wilton de Andrade

Última atualização

15/07/2025

Principais tópicos:

O lítio (Lithobid) é um medicamento prescrito para tratar os sintomas do transtorno bipolar. A combinação de lítio com álcool pode intensificar os efeitos colaterais sedativos do medicamento e reduzir sua eficácia no controle dos sintomas.
Em situações mais graves, essa combinação pode causar desidratação e levar à toxicidade do lítio — uma complicação séria e potencialmente fatal.
Por isso, é fundamental conversar com seu médico antes de consumir álcool durante o tratamento com lítio. O risco dessa interação pode variar de pessoa para pessoa, dependendo da idade, condição de saúde e histórico médico.

O transtorno bipolar é uma condição de saúde mental caracterizada por oscilações intensas de humor, que alternam entre episódios de depressão e períodos de euforia (mania). Um dos tratamentos mais utilizados para essa condição é o lítio (Lithobid), considerado um dos medicamentos de primeira escolha.

Ao iniciar o uso de lítio, é comum que o médico oriente sobre aspectos importantes do tratamento, como os efeitos colaterais mais frequentes e interações que devem ser evitadas. Uma dessas interações, muitas vezes negligenciada ou subestimada, é com o consumo de álcool.

Mas afinal, é seguro misturar lítio e álcool? Ou essa combinação deve ser evitada completamente?

É perigoso misturar lítio e álcool?

Pessoas que tomam lítio devem evitar o consumo de álcool. O álcool pode agravar os sintomas do transtorno bipolar e intensificar efeitos colaterais comuns do lítio, como náuseas e sonolência. Além disso, essa combinação pode prejudicar a eficácia do tratamento e aumentar o risco de complicações.

Portanto, se você está em tratamento com lítio e tem dúvidas sobre beber álcool, a recomendação mais segura é evitar o consumo. Isso contribui para a estabilidade do humor e reduz o risco de efeitos adversos.

É aceitável tomar 1 ou 2 bebidas?

Nenhuma quantidade de álcool é considerada totalmente segura durante o tratamento com lítio. O álcool pode interferir no equilíbrio emocional, provocando mais oscilações de humor em pessoas com transtorno bipolar. Pesquisas indicam que até mesmo o consumo leve, entre 1 e 4 doses por semana, pode aumentar o risco de episódios de mania ou depressão.

Como o álcool pode agravar os sintomas do transtorno bipolar, é importante conversar com seu médico antes de consumir qualquer bebida alcoólica. Ele poderá orientar você sobre os riscos e avaliar o que é mais seguro no seu caso.

Certas pessoas correm mais risco ao combinar lítio e álcool?

Os riscos associados ao consumo de álcool durante o tratamento com lítio variam de pessoa para pessoa e dependem de diversos fatores, como genética e histórico médico. Ainda assim, certos grupos podem apresentar um risco maior ao combinar essas duas substâncias.

As pessoas que enfrentam maior risco ao consumir álcool enquanto fazem uso de lítio incluem:

Pessoas com transtorno por uso de álcool (TUA): Quando não tratado, o TUA pode aumentar a frequência de episódios maníacos ou depressivos e elevar o risco de tentativas de suicídio.
Pessoas com problemas no fígado: O consumo excessivo de álcool pode agravar doenças hepáticas. Como o fígado afetado metaboliza o álcool mais lentamente, o álcool permanece por mais tempo no organismo, o que pode intensificar os efeitos sedativos do lítio.
Pessoas com problemas na tireoide: O lítio pode interferir na função da tireoide. O álcool, por sua vez, também pode afetá-la ou agravar sintomas relacionados, especialmente em pessoas que já têm transtornos associados, como o déficit de atenção.
Pessoas com 65 anos ou mais: O envelhecimento altera a forma como o corpo processa o álcool, aumentando a sensibilidade a seus efeitos. Com isso, o risco de sonolência ou tontura após o consumo é maior, tornando a combinação com o lítio mais perigosa.
Mulheres: Em geral, as mulheres possuem menor quantidade de água no corpo e níveis mais baixos de certas enzimas hepáticas, o que pode resultar em concentrações mais altas de álcool no sangue. Isso favorece interações mais intensas com o lítio e aumenta a chance de efeitos colaterais.

Como o álcool interage com o lítio?

O álcool desacelera os sinais enviados pelo sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal), o que pode comprometer o funcionamento cerebral. Por isso, ao beber, as pessoas podem apresentar fala arrastada, dificuldade para andar em linha reta, tempo de reação mais lento e dificuldade de raciocínio.

Esses mesmos efeitos — como fala lenta, lentidão nos reflexos e apagões — também podem ocorrer como efeitos colaterais do lítio. Quando álcool e lítio são combinados, seus efeitos sedativos se somam, aumentando o risco de prejuízos cognitivos e motores.

Quais são os efeitos colaterais típicos do lítio?

Os efeitos colaterais comuns do lítio podem se intensificar com o consumo de álcool. Entre os mais frequentes, estão:

Sonolência
Tontura
Tremores
Falta de coordenação
Sensação de inquietação
Dor de estômago

Embora dirigir sob o efeito de álcool nunca seja seguro, essa combinação torna ainda mais arriscado realizar qualquer atividade que exija atenção, como operar máquinas ou dirigir. Evite essas situações se estiver usando lítio e ingeriu álcool.

Existem efeitos colaterais ou riscos sérios?

Beber grandes quantidades de álcool pode causar desidratação, o que pode elevar perigosamente os níveis de lítio no sangue. Isso acontece porque o lítio é eliminado do corpo pelos rins.

Quando você está desidratado, os rins tentam reter o máximo de água possível e, nesse processo, também mantêm o lítio no organismo por mais tempo do que o ideal. Isso pode levar à toxicidade por lítio — uma complicação potencialmente grave e até fatal.

Além disso, o lítio pode levar até 24 horas para atingir o cérebro, o que significa que os sintomas de intoxicação podem demorar a aparecer ou se agravar com o tempo.

Quando você deve procurar atendimento médico?

Você deve procurar atendimento médico imediatamente se apresentar sinais de toxicidade por lítio, incluindo:

Sensação intensa de tontura ou sonolência
Confusão mental grave ou perda de consciência
Visão embaçada
Urinar grandes volumes de urina diluída (mais clara ou sem cor)
Zumbido nos ouvidos (tinnitus)
Dificuldade para falar
Fraqueza muscular ou espasmos
Vômitos ou diarreia persistentes
Convulsões

A toxicidade por lítio é uma condição potencialmente fatal e exige atendimento médico urgente. Se você ou alguém próximo estiver apresentando esses sintomas, vá imediatamente ao pronto-socorro mais próximo ou ligue para o 192.

Quando você pode começar a beber se parou de tomar lítio?

Certifique-se de conversar com seu médico antes de consumir álcool ou interromper o uso do lítio. A maioria das pessoas que faz uso desse medicamento precisa tomá-lo por um longo período, e segui-lo conforme a prescrição é essencial para que ele funcione adequadamente. Nunca pule uma dose apenas para poder beber.

Mas e se o seu médico orientou a interrupção do tratamento com lítio por outros motivos? Quanto tempo seria necessário esperar até poder consumir bebida alcoólica com segurança?

Quanto tempo o lítio permanece no seu organismo?

O lítio pode permanecer no organismo por um período prolongado. Em média, leva entre 18 e 36 horas para que metade da substância seja eliminada do corpo. No entanto, a eliminação completa costuma levar cerca de uma semana para a maioria das pessoas.

Esse tempo pode variar de acordo com condições de saúde, uso de outros medicamentos e hábitos alimentares. Por exemplo, pessoas com problemas renais podem continuar com lítio no organismo por até duas semanas após a última dose.

Por isso, o ideal é conversar com seu médico. Ele poderá avaliar seu histórico e indicar, com mais precisão, quando seria seguro consumir álcool, caso essa seja uma opção viável no seu caso.

Existe algum medicamento para transtorno bipolar que não seja afetado pelo álcool?

Não existem medicamentos aprovados pela FDA e pela ANVISA para o tratamento do transtorno bipolar que sejam totalmente seguros quando combinados com álcool. Essa combinação pode, em alguns casos, agravar os sintomas da doença ou causar efeitos colaterais prejudiciais. No entanto, certos medicamentos utilizados no tratamento do transtorno bipolar também podem trazer benefícios para pessoas com transtorno por uso de álcool (TUA).

Medicamentos anticonvulsivantes, como divalproato (Depakote) e ácido valproico, podem intensificar os efeitos sedativos quando misturados ao álcool. Ainda assim, estudos indicam que esses medicamentos podem ajudar a aliviar os sintomas de abstinência alcoólica e também tratar o transtorno bipolar. As pesquisas também mostram que pessoas que utilizaram um desses medicamentos apresentaram menos dias de consumo excessivo de álcool.

Se você tem transtorno bipolar e TUA, converse com seu médico sobre as melhores opções de tratamento. Pergunte se há medicamentos que possam ajudar no manejo de ambas as condições.

Conclusões

O lítio (Lithobid) é considerado o tratamento de primeira escolha para os sintomas do transtorno bipolar. A recomendação geral é evitar completamente a combinação de lítio com álcool. Essa mistura pode intensificar efeitos colaterais comuns do lítio, como náuseas e sonolência. Além disso, mesmo pequenas quantidades de álcool — como um ou dois drinques — podem agravar os sintomas do transtorno bipolar.

Em situações mais graves, o consumo de álcool pode provocar desidratação, o que aumenta o risco de toxicidade do lítio — uma condição potencialmente fatal. O risco de complicações graves pode variar de pessoa para pessoa, dependendo da idade, do histórico de saúde e de outros medicamentos em uso. Por isso, é fundamental conversar com seu médico sobre essa interação antes de consumir qualquer bebida alcoólica.

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.