Kit de insulina - controle de glicemia para diabéticos
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Escrito por
Wilton de Andrade
Última atualização
04/07/2024
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Um estudo publicado no JAMA (The Journal of the American Medical Association) em 2019, sugere que a insulina humana (primeira molécula desenvolvida) pode ser tão eficaz quanto as insulinas de longa duração (nova geração de insulinas) para pacientes com diabetes tipo 2. 

Essa descoberta é significativa porque destaca que tratamentos estabelecidos, e geralmente mais acessíveis, podem oferecer um controle glicêmico comparável às opções mais modernas e frequentemente mais caras no controle da diabetes tipo 2. Com isso, sendo importante, pois torna o tratamento do diabetes mais acessível à maior parte da população, reduzindo custos sem comprometer a eficácia do tratamento.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) publicou um artigo que destaca o aumento das pessoas com diabetes no Brasil em 2024. Eles se basearam no último censo do IBGE, que aponta a população brasileira com mais de 203 milhões de pessoas, e nos dados publicados pelo Vigitel (2020), que ressalta que 10,2% da população tem diabetes, representando mais de 20 milhões de pacientes com essa condição. Como cerca de 90% dos diabéticos são do tipo 2, podemos dizer que essa descoberta impacta mais de 18 milhões de brasileiros.

 

O que são insulinas Humanas?

Na década de 80, os pesquisadores encontraram uma forma de criar insulina "humana", melhorando as versões anteriores extraídas de vacas e porcos para imitar a insulina humana natural. Humulin foi a primeira insulina humana a chegar ao mercado.

Algumas insulinas humanas vêm na forma regular (ou de ação curta), que é melhor administrada 30 a 60 minutos antes da refeição e leva cerca de 2 a 4 horas para atingir seu pico. O "pico" refere-se ao momento em que a insulina está mais eficaz na redução da glicose no sangue, idealmente cronometrado para coincidir com a absorção máxima de açúcar de uma refeição pelo corpo.

A insulina humana também está disponível como insulina NPH (ou de ação intermediária), que é o mais próximo da insulina basal que a insulina humana pode chegar. As insulinas NPH são insulinas regulares misturadas com microcristais, o que faz com que sejam absorvidas mais lentamente pelo corpo. O tempo de início das insulinas NPH é de 2 a 4 horas, e elas levam cerca de 4 a 8 horas para atingir o pico.

As marcas de insulina humana disponíveis hoje incluem Humulin e Novolin. Uma combinação de insulinas regulares e NPH, ou uma versão pré-misturada (como Humulin 70/30), é normalmente usada para manter os perfis diários de insulina.

 

Quais são as insulinas mais recentes?

As insulinas mais recentes são conhecidas como análogos da insulina. Esses análogos são insulinas humanas cujas proteínas foram modificadas para alterar a velocidade de absorção pelo corpo. Essa modificação permite que a insulina atue mais rapidamente ou de forma mais prolongada, dependendo do tipo. Os análogos da insulina foram introduzidos no final dos anos 90 e trouxeram avanços significativos no tratamento do diabetes.

Os análogos da insulina de ação rápida, por exemplo, são absorvidos pela corrente sanguínea mais rapidamente do que as insulinas humanas de ação curta. São administrados apenas 15 minutos antes de uma refeição e atingem o pico de ação em 1 a 2 horas, proporcionando mais flexibilidade na rotina alimentar e de injeções.

Por outro lado, os análogos de insulina de longa duração imitam mais de perto os perfis naturais de insulina basal. Eles têm um início de ação rápido, sem um pico real, e mantêm um nível estável de insulina no sangue por um período prolongado. Isso os torna mais estáveis e previsíveis do que as insulinas de ação intermediária, necessitando de menos injeções ao longo do dia.

As marcas de insulina de ação rápida incluem Humalog e Novolog, enquanto as marcas de insulina de longa duração incluem Lantus e Levemir. Além dessas, há também Tresiba, uma insulina de ação ultralonga, e Toujeo, que é a mesma insulina do Lantus, mas três vezes mais concentrada. Essas insulinas foram projetadas para durar muito mais tempo, permitindo uma gestão mais eficiente e reduzindo a necessidade de doses diárias.

Essas inovações proporcionam maior flexibilidade e controle para pessoas que necessitam de insulina, melhorando a gestão do diabetes e a qualidade de vida dos pacientes.

 

O mais novo é sempre melhor?

Novos análogos de insulina foram desenvolvidos para que os pacientes pudessem se preocupar menos com o planejamento das refeições, sem sacrificar o controle da glicose. Tais inovações têm um preço mais elevado, mas são realmente indispensáveis? O estudo publicado no JAMA sugere que talvez não.

Embora um horário mais flexível possa significar uma melhor qualidade de vida para alguns pacientes, a realidade é que muitos brasileiros não podem pagar por essas insulinas mais caras. O estudo sugere que insulinas mais antigas e mais econômicas podem levar a uma melhor adesão ao tratamento e a melhores resultados de saúde em geral, porque as pessoas estão realmente conseguindo comprar e tomar seus medicamentos conforme prescrito.

Afinal, é difícil seguir um tratamento se você não pode pagar por ele. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece insulina gratuitamente, mas a disponibilidade pode variar e nem sempre inclui os análogos mais caros. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o SUS oferece tanto insulina humana regular quanto insulina NPH, o que pode ajudar muitos pacientes a controlar a glicose sem custos diretos.

No entanto, a natureza relativamente imprevisível das insulinas humanas (mais antigas) deve ser gerida com testes mais frequentes, o que se traduz em mais dinheiro gasto em tiras de teste. Apesar disso, a acessibilidade das insulinas mais antigas pode proporcionar uma solução viável para muitos pacientes, desde que tenham acesso adequado aos suprimentos necessários para monitorar sua condição de maneira eficaz.

 

O que a ciência diz?

O estudo publicado no JAMA determinou que a mudança dos pacientes de análogos de insulina para insulina humana resultou em um pequeno, mas clinicamente irrelevante, aumento dos níveis médios de HbA1c (+0,14%). Além disso, não houve alteração nas visitas ao pronto-socorro ou ao hospital devido a episódios de hipo ou hiperglicemia.

Este não é o primeiro estudo a comparar a eficácia das insulinas mais recentes com as insulinas mais antigas em pacientes com diabetes tipo 2. Outro artigo recente, também publicado no JAMA, mostrou que, em ambientes não clínicos, o uso de análogos de insulina de ação prolongada (insulina mais recente) em vez de insulinas humanas NPH (insulina mais antiga) não levou à redução de visitas hospitalares relacionadas à hipoglicemia ou a um melhor controle da glicemia.

Uma meta-análise de 2007 de seis estudos concluiu que, embora os pacientes com diabetes tipo 2 em uso de análogos de insulina de ação prolongada apresentassem taxas mais baixas de hipoglicemia geral e noturna, não houve diferença nas taxas de hipoglicemia grave em comparação com aqueles tratados com insulina humana NPH.

O que tudo isso significa? Há boas razões para acreditar que os pacientes com diabetes tipo 2 podem usar com segurança versões mais antigas de insulina, como Humulin R (ação curta) e Novolin N (ação intermediária), sem comprometer significativamente o controle da glicemia ou aumentar os riscos de complicações.

 

Ótimo, como faço para trocar de insulina?

Se você tem diabetes tipo 2 e está tendo dificuldades para comprar os análogos de insulina que lhe foram prescritos, a primeira coisa a fazer é consultar seu médico ou endocrinologista. Trocar de marca de insulina não é tão simples quanto “entra uma, sai uma”. Por exemplo, os análogos de insulina de ação prolongada e a insulina humana NPH, ambas usadas para manter os níveis de glicose estáveis ​​entre as refeições, têm tempos de pico e duração de ação muito diferentes e não podem ser usadas ​​de forma intercambiável.

Como cada tipo de insulina tem seu próprio comportamento na redução da glicose, você precisará trabalhar com seu médico para reaprender a dosagem e a frequência de injeção. Isso é especialmente importante ao encontrar um equilíbrio entre insulinas em bolus e basais, garantindo um controle eficaz da glicemia e minimizando o risco de complicações.

Aqui estão suas opções de insulina:

Insulina em bolus (hora das refeições)

Nome da droga

Tipo de insulina

Humulina R

humano de ação curta

Novolin R

humano de ação curta

Humalog

analógico de ação rápida

Novolog

analógico de ação rápida

Afrezza

analógico de ação rápida

Apidra

analógico de ação rápida

Admelog

analógico de ação rápida

Insulina basal (de fundo)

Nome da droga

Tipo de insulina

Humulina N

humano de ação intermediária

Novolin N

humano de ação intermediária

Levemir

analógico de ação prolongada

Lantus

analógico de ação prolongada

Basaglar

analógico de ação prolongada

Toujeo

análogo altamente concentrado de ação prolongada

Tresiba

analógico de ação ultralonga

Insulina basal pré-misturada

Nome da droga

Tipo de medicação

Solíqua 100/33

análogo de insulina de ação prolongada + Adlyxin (somente para tipo 2)

Xultofia

análogo de insulina de ação prolongada + Victoza (somente para tipo 2)

Bolus pré-misturado + insulina basal

Nome da droga

Tipo de insulina

Humulina 70/30

70% humano de ação intermediária + 30% humano de ação curta

Novolina 70/30

70% humano de ação intermediária + 30% humano de ação curta

Humalog 75/25

75% analógico de ação prolongada + 25% analógico de ação rápida

Novolog 70/30

70% analógico de ação prolongada + 30% analógico de ação rápida

 

E as pessoas com diabetes tipo 1?

Você deve estar se perguntando: “Por que as insulinas humanas não funcionam tão bem para pessoas com diabetes tipo 1?” Pense desta forma: o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2 são duas doenças diferentes, com causas diferentes e, portanto, devem ser tratadas de forma diferente.

Pessoas com tipo 1 não produzem insulina, enquanto aquelas com tipo 2 não respondem à insulina ou não produzem insulina de forma tão eficaz quanto a pessoa média. O tipo 1 é uma doença autoimune e o tipo 2 é resultado de diferentes fatores genéticos e de estilo de vida. Clique aqui para compreender as diferenças entre essas condições de saúde.

Pacientes do tipo 1 devem tomar insulina para que seus corpos sejam capazes de processar a glicose dos alimentos. Para pacientes do tipo 2, a insulina é apenas uma das várias mudanças no estilo de vida e na medicação para ajudar a controlar (e talvez até reverter) sua condição. Por causa disso, os pacientes do tipo 2 podem ser menos sensíveis às alterações da insulina.

 

Como você trata o diabetes tipo 2?

Com o aparecimento do diabetes tipo 2 e até do pré-diabetes, a recomendação inicial é adotar um estilo de vida mais ativo, seguir uma alimentação balanceada e perder peso. O tratamento medicamentoso de primeira linha é a metformina, que reduz a quantidade de glicose liberada pelo fígado ao longo do dia, diminui a absorção de glicose dos alimentos e melhora a sensibilidade do corpo à insulina. Outros medicamentos comumente prescritos, como sulfonilureias (por exemplo, glipizida, glimepirida) e meglitinidas (por exemplo, repaglinida, nateglinida), ajudam o pâncreas a produzir mais insulina.

A insulina nem sempre é necessária para tratar o diabetes tipo 2 e tradicionalmente só era prescrita em estágios mais avançados da doença. No entanto, alguns médicos acreditam que a insulina deve ser usada mais cedo pelos pacientes com tipo 2 para um melhor controle glicêmico. Ainda assim, os pacientes devem tentar melhorar a resposta do corpo à insulina, pois grandes injeções de insulina ao longo do tempo podem levar a reações no local da injeção, ganho de peso e hipertensão.

A diferença principal é que os pacientes com tipo 2 geralmente conseguem produzir alguma insulina por conta própria, enquanto os pacientes com tipo 1 não produzem nenhuma e, portanto, dependem de injeções de insulina ao longo do dia. Como a insulina é essencial para a sobrevivência diária dos pacientes com tipo 1, os análogos de insulina mais avançados são muito mais benéficos do que as insulinas humanas, devido à sua previsibilidade e capacidade de replicar mais de perto a produção natural de insulina no corpo.

 

Conclusões

Estudos sugerem que insulinas humanas podem ser tão eficazes quanto análogos de insulina de longa duração para o controle do diabetes tipo 2, destacando a importância de opções acessíveis de tratamento. A Sociedade Brasileira de Diabetes indica um aumento nos casos de diabetes no Brasil, com a maioria sendo do tipo 2, tornando crucial a disponibilidade de insulinas acessíveis pelo SUS.

Insulinas humanas, desenvolvidas na década de 80, continuam a ser uma opção viável e econômica, apesar de exigirem monitoramento mais frequente. Análogos de insulina mais recentes oferecem maior flexibilidade e controle, mas a um custo mais elevado.

Para pacientes com diabetes tipo 2 que enfrentam dificuldades para adquirir análogos de insulina, a consulta com um médico é essencial para ajustar o tratamento de forma segura. A insulina é indispensável para pacientes com diabetes tipo 1, onde os análogos avançados são mais benéficos devido à sua previsibilidade.

O manejo do diabetes tipo 2 começa com mudanças no estilo de vida e medicações como a metformina, enquanto a insulina pode ser introduzida mais cedo para um melhor controle glicêmico. A acessibilidade e eficácia dos tratamentos continuam a ser um foco crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes diabéticos.

 

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FAQ: perguntas frequentes sobre insulina humana e insulina de longa duração