Diabetes e pé de atleta: tudo o que você precisa saber

Principais tópicos

• Pé de atleta é mais perigoso no diabetes: a micose, comum entre os dedos dos pés, pode evoluir para infecções graves em pessoas com diabetes devido à neuropatia e à má circulação.

• Sinais de alerta: coceira, vermelhidão, descamação, mau cheiro e rachaduras entre os dedos devem ser tratados rapidamente para evitar complicações.

• Riscos no Brasil: infecções nos pés são uma das principais causas de internação e amputação em pessoas com diabetes, muitas vezes iniciando com problemas simples.

• Prevenção é fundamental: inspecionar os pés todos os dias, manter higiene adequada, secar bem entre os dedos, usar sapatos ventilados e meias de algodão reduz o risco de micoses.

• Apoio especializado ajuda: buscar atendimento de podólogos e médicos ao menor sinal de infecção e realizar acompanhamento regular são medidas essenciais para preservar a saúde dos pés.

Diabetes e pé de atleta: tudo o que você precisa saber

Cuidar dos pés é uma das partes mais importantes do tratamento do diabetes, embora muitas vezes seja negligenciada. No Brasil, onde cerca de 16 milhões de pessoas convivem com a doença segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), complicações nos pés são uma das principais causas de internação hospitalar.

Entre os problemas que mais preocupam os profissionais de saúde está a combinação entre o diabetes mal controlado e infecções nos pés, como o chamado pé de atleta. Essa micose, que pode parecer simples para quem não tem a condição, representa um risco aumentado em pessoas com diabetes e deve ser tratada com atenção especial.

Neste artigo, vamos explicar o que é o pé de atleta, por que ele é mais perigoso em pessoas com diabetes, como preveni-lo e quais cuidados um podólogo recomenda no dia a dia.

O que é o pé de atleta

O pé de atleta, também conhecido como tinea pedis, é uma infecção causada por fungos que se desenvolvem principalmente em ambientes úmidos e quentes, como entre os dedos dos pés. É comum em pessoas que usam calçados fechados por longos períodos ou que frequentam locais como piscinas e vestiários.

Os sintomas incluem:

• Coceira intensa.

• Vermelhidão.

• Descamação da pele.

• Mau cheiro.

• Rachaduras dolorosas entre os dedos.

Embora seja incômodo, para a maioria das pessoas sem diabetes, o pé de atleta pode ser tratado com pomadas ou sprays antifúngicos vendidos em farmácias. No entanto, para quem tem diabetes, a situação exige mais atenção.

Por que o pé de atleta é mais perigoso em pessoas com diabetes

O diabetes pode causar duas complicações que tornam o pé de atleta mais arriscado:

• Neuropatia diabética
  A neuropatia é uma lesão nos nervos causada pela glicemia alta mantida por muito tempo. Ela provoca dormência, formigamento ou até perda da sensibilidade nos pés. Isso significa que cortes, feridas ou rachaduras podem passar despercebidos, aumentando o risco de infecções graves.

• Má circulação sanguínea
  O diabetes também prejudica a circulação, dificultando a chegada de sangue, oxigênio e nutrientes aos pés. Com isso, o corpo tem mais dificuldade para cicatrizar feridas, deixando a região vulnerável a complicações.
  
  

O pé de atleta pode parecer apenas uma micose simples, mas, em pessoas com diabetes, ele pode abrir portas para infecções bacterianas. Em casos graves, pode evoluir para úlceras nos pés, infecções profundas e até amputações, se não houver tratamento adequado.

A realidade no Brasil

No Brasil, as complicações nos pés são uma das principais causas de amputação não traumática. Estima-se que, a cada ano, milhares de brasileiros com diabetes passam por amputações que poderiam ser evitadas com prevenção e cuidados básicos.

Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 30% das internações de pessoas com diabetes em hospitais públicos estão relacionadas a infecções nos pés. Grande parte desses casos começa com problemas aparentemente pequenos, como rachaduras na pele, unhas encravadas ou micoses.

Como tratar o pé de atleta quando se tem diabetes

O tratamento do pé de atleta em pessoas com diabetes deve ser iniciado o quanto antes. Os primeiros sinais de coceira, vermelhidão ou descamação já são motivo para buscar ajuda médica ou podológica.

As opções de tratamento incluem:

• Cremes e pomadas antifúngicas de venda livre.

• Sprays ou pós antifúngicos para reduzir a umidade entre os dedos.

• Em casos mais graves ou resistentes, medicamentos antifúngicos orais prescritos por médicos.

O mais importante é não ignorar o problema. Se os sintomas persistirem por mais de duas semanas, é fundamental procurar atendimento especializado.

O que um podólogo recomenda para prevenir o pé de atleta

Os podólogos desempenham papel essencial na prevenção de complicações nos pés de pessoas com diabetes. Algumas recomendações incluem:

• Inspecionar os pés diariamente, procurando por cortes, rachaduras, vermelhidão ou bolhas.

• Lavar e secar bem os pés todos os dias, principalmente entre os dedos.

• Evitar andar descalço em locais públicos, como academias, piscinas e banheiros coletivos.

• Usar meias de algodão e trocá-las diariamente.

• Escolher sapatos confortáveis, que não apertem e permitam ventilação.

• Usar talcos antifúngicos em casos de transpiração excessiva nos pés.

Além disso, é recomendável visitar regularmente um podólogo ou enfermeiro especializado para avaliação preventiva, especialmente para quem já teve problemas anteriores nos pés.

O papel da educação em saúde

Muitas complicações do diabetes nos pés poderiam ser evitadas com informação acessível e acompanhamento regular. Campanhas de conscientização são fundamentais para mostrar que pequenas infecções, como o pé de atleta, podem se tornar graves quando não tratadas.

Um ponto positivo é que o SUS oferece atendimento podológico e multiprofissional em muitas unidades de saúde, dentro dos programas de atenção ao pé diabético. No entanto, ainda há desafios em garantir acesso a toda a população.

Conclusão

O pé de atleta pode parecer um problema simples, mas, em pessoas com diabetes, ele exige cuidados redobrados. A neuropatia e a má circulação tornam os pés mais vulneráveis, e pequenas micoses podem evoluir para infecções graves se não forem tratadas rapidamente.

Por isso, é fundamental manter os pés limpos e secos, inspecioná-los diariamente, buscar ajuda ao menor sinal de alteração e contar com o apoio de podólogos e médicos. A prevenção é sempre a melhor estratégia para evitar complicações que podem comprometer a qualidade de vida.

Cuidar dos pés é cuidar da saúde como um todo. No caso de quem tem diabetes, essa atenção pode significar a diferença entre manter a mobilidade ou enfrentar complicações sérias.

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.

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Referências

Centros de Controle e Prevenção de Doenças. (2023). Diabetes e seus pés.

UpToDate. (2023). Infecções por dermatófitos (tinea).

Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA. (2016). Pé de atleta.

FAQ: perguntas frequentes sobre diabetes