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As crianças podem desenvolver hipotireoidismo?

Escrito por

Wilton de Andrade

Última atualização

22/05/2025

Entenda que crianças pode ter hipotireoidismo

Você provavelmente já ouviu falar sobre hipotireoidismo em adultos. Mas sabia que crianças de todas as idades também podem ter a tireoide hipoativa?

A seguir, vamos explicar como o hipotireoidismo pode se manifestar em crianças, quais são as possíveis causas, e como ele é diagnosticado e tratado. Conhecer os sinais precoces é essencial para garantir um desenvolvimento saudável e um tratamento eficaz.

O que é hipotireoidismo?

O hipotireoidismo é uma condição em que a glândula tireoide se torna hipoativa, ou seja, não produz hormônios em quantidade suficiente. Localizada na parte frontal do pescoço, a tireoide faz parte do sistema endócrino e é responsável pela produção dos hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3). Esses hormônios desempenham papéis fundamentais em várias funções do organismo, como:

Crescimento
Metabolismo de energia
Desenvolvimento cerebral
Regulação da temperatura corporal

As doenças da tireoide são mais comuns em adultos, mas também podem afetar crianças. O hipotireoidismo pode surgir em qualquer fase da infância. Em alguns casos, a criança já nasce com a condição — conhecida como hipotireoidismo congênito. Essa forma exige diagnóstico precoce e tratamento imediato para evitar impactos no desenvolvimento.

Quais são os sintomas do hipotireoidismo em crianças?

Os sintomas de uma tireoide hipoativa em crianças são semelhantes aos observados em adultos. Entre os sinais mais comuns estão:

Fadiga
Prisão de ventre
Ganho de peso leve
Sensibilidade ao frio
Pele seca
Queda de cabelo

No caso dos bebês, o hipotireoidismo pode não apresentar sintomas evidentes de imediato. No entanto, alguns sinais que podem surgir incluem:

Sonolência excessiva
Dificuldade para se alimentar
Choro rouco
Icterícia prolongada (amarelamento da pele e dos olhos)
Flacidez muscular e dificuldade para manter a cabeça erguida (baixo tônus muscular)

Identificar esses sinais precocemente é essencial para iniciar o tratamento e evitar impactos no desenvolvimento da criança.

Quais são as complicações do hipotireoidismo em crianças e adolescentes?

Os níveis baixos de hormônio tireoidiano afetam as crianças de maneiras diferentes, dependendo da idade em que o problema se manifesta. Sem tratamento, o hipotireoidismo pode causar complicações duradouras no crescimento e no desenvolvimento.

Crianças que começam o tratamento mais tarde têm maior risco de desenvolver essas complicações. Por isso, o diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado são fundamentais para garantir uma boa qualidade de vida.

Complicações do hipotireoidismo em bebês

Os bebês precisam do hormônio tireoidiano para um crescimento saudável e para o desenvolvimento adequado do cérebro. Quando nascem com hipotireoidismo, correm o risco de desenvolver deficiências intelectuais graves, além de dificuldades para ganhar peso e crescer normalmente.

Para evitar essas complicações, é essencial iniciar o tratamento com medicação o quanto antes — idealmente antes das duas primeiras semanas de vida.

Como as consequências do hipotireoidismo congênito podem ser sérias, todos os recém-nascidos passam por uma triagem neonatal, que inclui a verificação dos níveis hormonais da tireoide. Esse exame é capaz de identificar a condição ainda nos primeiros dias de vida, muito antes que os sintomas apareçam, permitindo o início precoce do tratamento.

Complicações do hipotireoidismo em crianças

Crianças que desenvolvem hipotireoidismo adquirido geralmente apresentam crescimento lento. No início, isso pode passar despercebido, mas com o tempo muitos pais notam que seus filhos não estão crescendo no ritmo esperado. Durante exames de rotina, os profissionais de saúde também costumam identificar que a criança está abaixo do padrão de crescimento adequado para a sua idade.

Além disso, o hipotireoidismo pode afetar a concentração e o aprendizado. Algumas crianças têm dificuldade para acompanhar o ritmo escolar, enquanto outras podem apresentar sinais de inquietação ou hiperatividade. Esses sintomas reforçam a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento regular.

Complicações do hipotireoidismo em adolescentes

Adolescentes com hipotireoidismo adquirido geralmente apresentam sintomas semelhantes aos dos adultos. No entanto, como o cérebro ainda está em fase de crescimento e desenvolvimento, também podem surgir dificuldades de concentração e problemas para acompanhar as atividades escolares. Alterações de humor são comuns, e alguns adolescentes podem parecer mais tristes ou deprimidos do que o habitual.

O hormônio tireoidiano também tem um papel importante na puberdade e no ciclo menstrual. Por isso, adolescentes com tireoide hipoativa podem ter o início da puberdade atrasado. Já aqueles que já menstruam podem apresentar ciclos irregulares. O acompanhamento médico é essencial para avaliar esses sinais e iniciar o tratamento adequado.

O que causa hipotireoidismo em crianças?

Especialistas classificam as causas do hipotireoidismo infantil em duas categorias principais: congênito e adquirido. A seguir, vamos entender melhor cada uma dessas condições.

Hipotireoidismo congênito

O hipotireoidismo congênito ocorre quando o bebê já nasce com a glândula tireoide subdesenvolvida ou com funcionamento inadequado. Na maioria dos casos, não se sabe exatamente por que a tireoide não se desenvolve de forma completa.

Hipotireoidismo adquirido

O hipotireoidismo adquirido é aquele que se desenvolve após as duas primeiras semanas de vida. Ele é mais comum do que o hipotireoidismo congênito em crianças e adolescentes.

A causa mais frequente desse tipo de hipotireoidismo é a tireoidite de Hashimoto, uma condição autoimune em que o próprio sistema imunológico ataca a glândula tireoide, comprometendo sua função.

Outra possível causa é a deficiência de iodo, um elemento essencial para a produção dos hormônios tireoidianos. Embora essa deficiência seja rara em países como os Estados Unidos e o Brasil — onde o iodo é adicionado ao sal — ela ainda é comum em algumas regiões do mundo e representa uma das principais causas de hipotireoidismo nesses locais.

Além disso, o problema pode surgir quando há lesão ou disfunção na glândula pituitária (hipófise), uma parte do cérebro responsável por produzir o hormônio TSH, que estimula a tireoide a funcionar. A pituitária pode ser afetada por cirurgias, tratamentos com radiação, traumas cranianos ou tumores, comprometendo a produção adequada de TSH e, consequentemente, a atividade da tireoide.

Como diagnosticar e tratar o hipotireoidismo infantil?

Um profissional de saúde pode diagnosticar o hipotireoidismo por meio de um exame de sangue que avalia os níveis de TSH e dos hormônios tireoidianos.

Recém-nascidos são rotineiramente submetidos a esse exame como parte da triagem neonatal, realizada logo após o nascimento. Se os resultados indicarem níveis baixos de hormônio tireoidiano, o tratamento pode ser iniciado imediatamente, ainda nos primeiros dias de vida.

Crianças e adolescentes também podem ser testados se apresentarem sintomas de hipotireoidismo ou se tiverem maior risco de desenvolver a condição.

É importante lembrar que os valores considerados normais variam de acordo com a idade da criança, e a interpretação dos exames deve sempre ser feita por um profissional de saúde.

Idade	Hormônio tireoidiano (ng/dL)	TSH (mU/L)
1-4 dias	2.2-5.3	2,7-26,5
4-30 dias	0,9-3,4	1.2-13.1
1-12 meses	0,9-2,3	0,6-7,3
1-5 anos	0,8-1,8	0,7-6,6
6-10 anos	1,0-2,1	0,8-6,0
11-18 anos	0,8-1,9	0,6-5,8

Os valores de referência dos exames podem variar ligeiramente de acordo com o laboratório que realiza o teste.

Se os resultados indicarem hipotireoidismo, o tratamento com hormônio tireoidiano pode ser iniciado. Esse tratamento é, em geral, simples e eficaz.

A levotiroxina (Synthroid) é o medicamento mais comumente utilizado. Trata-se de uma versão sintética do hormônio tireoidiano, que repõe o que o corpo não está produzindo adequadamente. A dose é determinada com base no peso da criança, e o profissional de saúde acompanhará os níveis de TSH por meio de exames periódicos para ajustar a dosagem, se necessário.

O principal objetivo do tratamento é normalizar os níveis hormonais e aliviar os sintomas, promovendo o crescimento e o desenvolvimento saudáveis da criança.

Uma criança pode superar o hipotireoidismo?

Algumas crianças com hipotireoidismo podem, com o tempo, parar de tomar a medicação.

Cerca de 5% a 15% das crianças com hipotireoidismo congênito conseguem suspender o uso do hormônio tireoidiano ao redor dos 3 anos de idade. Para avaliar essa possibilidade, o médico interrompe temporariamente o tratamento e, após cerca de um mês, solicita novos exames para verificar se o corpo da criança passou a produzir os hormônios por conta própria.

Esse processo ajuda a determinar se a criança precisará continuar com a medicação ou se o tratamento pode ser encerrado com segurança.

O que fazer se você acha que seu filho tem hipotireoidismo

Converse com o profissional de saúde do seu filho se você suspeitar de hipotireoidismo. Informe quais sintomas você observou no dia a dia.

Se houver sinais compatíveis, o médico poderá solicitar um exame de sangue para avaliar os níveis de hormônios tireoidianos. Caso os resultados indiquem níveis baixos, o tratamento pode ser iniciado imediatamente para garantir o bem-estar e o desenvolvimento saudável da criança.

Conclusões

O hipotireoidismo é menos comum em crianças do que em adultos, mas pode trazer consequências importantes. O hormônio tireoidiano é essencial para o desenvolvimento do cérebro, além de regular o crescimento e a puberdade.

Por isso, crianças com tireoide hipoativa podem apresentar sintomas sérios, como dificuldades de aprendizagem, atraso no crescimento e puberdade tardia. Quando o tratamento com reposição hormonal é iniciado de forma rápida, é possível evitar essas complicações e garantir um desenvolvimento saudável.

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.