Entenda a relação da cafeína com os remédios de pressão alta
Você pode não considerar a cafeína como uma droga, mas ela é, de fato, o estimulante mais amplamente utilizado no mundo. Muitas pessoas dependem dos efeitos energizantes da cafeína para enfrentar o dia. Nos Estados Unidos, cerca de 85% dos adultos consomem alguma forma de cafeína diariamente, e o cenário no Brasil não é muito diferente. De acordo com pesquisas, o consumo de cafeína é bastante elevado no Brasil, especialmente através do café, que é uma bebida culturalmente enraizada.
A cafeína é conhecida por melhorar a clareza mental e combater a fadiga, mas também pode causar um aumento temporário na pressão arterial. Isso levanta a questão: é seguro consumir café se você estiver tomando medicamentos para pressão arterial? E como a cafeína pode interagir com outros medicamentos que você toma?
No Brasil, o café é uma parte significativa da cultura e do cotidiano das pessoas, similar ao que acontece nos Estados Unidos. Uma pesquisa recente realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) revelou que 81% dos brasileiros mantêm um consumo regular de café, com uma significativa parcela (29%) consumindo mais de seis xícaras por dia. Esse hábito é tão enraizado que a maioria das pessoas prefere tomar café pela manhã, com 97% dos entrevistados optando por começar o dia com uma xícara da bebida.
Ao compararmos com os dados dos Estados Unidos, onde 85% dos adultos consomem cafeína diariamente, o Brasil mostra uma tendência similar de dependência do café como principal fonte de cafeína. Essa semelhança destaca a importância da cafeína na vida diária tanto dos brasileiros quanto dos norte-americanos, apesar das diferentes culturas e hábitos alimentares.
Além disso, a cafeína pode interagir de maneiras diferentes com outros medicamentos, potencialmente aumentando ou diminuindo seus efeitos, dependendo da substância envolvida. Dada a alta prevalência de consumo de café tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, é sempre prudente monitorar como seu corpo reage e ajustar o consumo de cafeína conforme necessário, em consulta com seu médico.
1. Medicamentos para pressão alta
Se você tem pressão alta, mesmo que esteja controlada com medicamentos, é aconselhável limitar o consumo de cafeína. Embora café e outras bebidas com cafeína não interajam diretamente com a maioria dos medicamentos para pressão arterial, eles podem elevar sua pressão arterial, o que pode aumentar o risco de problemas cardíacos, como derrame ou ataque cardíaco.
No entanto, isso não significa que você precise eliminar completamente o café da sua rotina matinal. Para a maioria das pessoas, uma ou duas xícaras por dia geralmente são aceitáveis, mesmo com pressão alta. Você também pode considerar a opção de café descafeinado ou "meio-cafeinado" ou experimentar chá sem cafeína. Seu médico poderá orientá-lo sobre a quantidade e o tipo de cafeína que são seguros para você, com base no seu histórico médico.
2. Medicamentos estimulantes, como Adderall e fentermina
Medicamentos estimulantes são frequentemente prescritos para tratar condições de saúde como obesidade ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Eles ajudam a acelerar certas funções do corpo, mas também podem aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, além de, em alguns casos, causar problemas de sono.
A cafeína é um estimulante natural, e quando combinada com medicamentos estimulantes, o risco de efeitos colaterais aumenta. Isso pode fazer com que você se sinta inquieto ou nervoso, e, em casos mais graves, pode causar tremores, náuseas intensas e problemas cardíacos.
Entre os estimulantes mais comuns estão:
- Sais mistos de anfetamina (Adderall)
- Metilfenidato (Ritalina)
- Fentermina (Adipex-P, Lomaira)
- Qsymia (fentermina/topiramato)
Ao tomar medicamentos estimulantes, é importante monitorar o consumo de cafeína e discutir com seu médico a possibilidade de ajustes no tratamento para minimizar os riscos.
3. Sudafed
Sudafed (pseudoefedrina) é um descongestionante de venda livre (OTC) que também possui efeitos estimulantes no corpo. Muitas vezes, esquecemos que medicamentos OTC podem ter interações importantes. Combinar cafeína com Sudafed pode aumentar o risco de efeitos colaterais cardíacos e interferir no sono, algo que não é ideal quando você já não está se sentindo bem.
É aconselhável evitar a cafeína enquanto estiver tomando Sudafed. Outra opção é espaçar o consumo de cafeína e a dose de Sudafed. Por exemplo, você pode aguardar até que os efeitos do seu café da manhã diminuam (cerca de 5 horas) antes de tomar uma dose de Sudafed. Isso pode ajudar a reduzir os riscos de interações e efeitos adversos.
4. Teofilina
A teofilina (Theo-24) é um medicamento mais antigo usado para tratar asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Tanto a cafeína quanto a teofilina podem causar efeitos colaterais semelhantes, como nervosismo e dificuldades para dormir. Quando combinadas, esses efeitos podem ser intensificados. Além disso, a cafeína pode aumentar os níveis de teofilina no corpo, tornando os efeitos colaterais ainda mais prováveis.
É recomendável limitar a ingestão de cafeína enquanto estiver tomando teofilina. No entanto, é importante conversar com seu médico antes de fazer qualquer alteração, pois a dosagem da teofilina pode já ter sido ajustada considerando seu consumo habitual de cafeína.
5. Antipsicóticos como a olanzapina
Antipsicóticos são medicamentos utilizados no tratamento de transtornos mentais, como esquizofrenia e transtorno bipolar. A cafeína pode aumentar os níveis de alguns antipsicóticos no organismo, o que pode elevar o risco de efeitos colaterais. Isso é especialmente relevante para medicamentos como olanzapina (Zyprexa), haloperidol (Haldol) e clozapina (Clozaril).
Seu médico ajustará a dosagem do antipsicótico com base em como você responde ao tratamento, levando em consideração sua ingestão diária de cafeína. No entanto, se você aumentar ou diminuir a quantidade de cafeína consumida enquanto estiver tomando esses medicamentos, isso pode afetar a eficácia do tratamento ou aumentar os efeitos colaterais. Portanto, é importante manter uma comunicação aberta com seu médico sobre qualquer mudança no consumo de cafeína.
6. Medicamentos para ansiedade e sono
Como a cafeína é um estimulante, ela pode interferir nos efeitos de medicamentos sedativos, que são projetados para produzir o efeito oposto. Sedativos são frequentemente prescritos para tratar condições como insônia e ansiedade e incluem medicamentos como alprazolam (Xanax) e zolpidem (Ambien).
Embora não haja uma interação medicamentosa direta entre a cafeína e os sedativos, a cafeína pode dificultar o funcionamento desses medicamentos, exacerbando os sintomas da condição que você está tentando tratar. Por exemplo, a cafeína pode piorar a ansiedade ou dificultar o sono, o que contraria os efeitos dos sedativos.
Se você toma medicamentos para controlar a ansiedade, é aconselhável limitar a ingestão de cafeína. No caso de medicamentos para ajudar no sono, é melhor evitar a cafeína por pelo menos cinco horas antes de se deitar. Isso ajudará a garantir que os sedativos funcionem de forma mais eficaz e que você obtenha o descanso necessário.
7. Pílulas anticoncepcionais orais
Pílulas anticoncepcionais orais podem retardar o processo de decomposição da cafeína no corpo. Estudos indicam que os efeitos da cafeína podem durar o dobro do tempo usual em pessoas que estão tomando contraceptivos hormonais orais.
Portanto, ao iniciar o uso de pílulas anticoncepcionais, pode ser prudente reduzir o consumo de cafeína até entender como essa interação afeta você. Se você já estiver tomando contraceptivos orais, é aconselhável limitar a ingestão de cafeína apenas pela manhã, pois a cafeína pode permanecer no seu sistema por mais tempo, o que pode interferir no sono se for consumida mais tarde no dia.
8. Medicamentos para diabetes
A cafeína pode reduzir a sensibilidade do corpo à insulina, além de aumentar os níveis de glicose no sangue após as refeições, especialmente em pessoas com diabetes tipo 2. Essas mudanças podem dificultar o controle dos níveis de glicose no sangue e interferir na eficácia dos medicamentos para diabetes.
Geralmente, é seguro consumir uma ou duas xícaras de café se você tem diabetes, mas é recomendável evitar açúcar e cremes, que podem elevar ainda mais os níveis de glicose. Bebidas energéticas são mais arriscadas, pois contêm grandes quantidades de cafeína combinadas com açúcar e outros ingredientes que podem impactar negativamente a glicose no sangue.
Seu médico pode ajudá-lo a determinar a quantidade segura de cafeína e oferecer dicas para reduzir sua ingestão, se necessário.
9. Medicamentos hormonais da tireoide, como levotiroxina
Medicamentos para hormônio tireoidiano, como a levotiroxina (Synthroid), são usados para tratar o hipotireoidismo, uma condição caracterizada por baixos níveis de hormônio tireoidiano. Esses medicamentos podem interagir com a cafeína, especialmente presente no café.
O consumo de café pode reduzir a quantidade de medicamento para tireoide absorvida pelo organismo, o que pode diminuir a eficácia do tratamento. Para evitar essa interação, é recomendado aguardar pelo menos 60 minutos entre o consumo de café e a ingestão do medicamento de hormônio tireoidiano. Essa precaução ajuda a garantir que o medicamento seja absorvido adequadamente pelo corpo e funcione de maneira eficaz.
10. Antidepressivos tricíclicos como amitriptilina
Os antidepressivos tricíclicos (TCAs) são usados para tratar condições de saúde mental, como depressão e ansiedade. A cafeína pode aumentar os níveis de alguns TCAs no organismo, como a amitriptilina e a imipramina (Tofranil), o que eleva o risco de efeitos colaterais, incluindo sonolência, tontura e constipação.
Se você está tomando um TCA e ele está funcionando bem para você, provavelmente não precisa se preocupar tanto com sua ingestão de cafeína. No entanto, uma mudança significativa na quantidade de cafeína que você consome pode influenciar a eficácia do medicamento. Por isso, é importante consultar sua equipe de saúde caso esteja considerando aumentar ou reduzir sua ingestão diária de cafeína enquanto estiver tomando um TCA.
Vale lembrar que, embora a cafeína geralmente não cause ansiedade, ela pode agravar os sintomas em pessoas que já sofrem com essa condição. Portanto, se você estiver tomando um TCA para ajudar a controlar a ansiedade, limitar a ingestão de cafeína pode ser uma boa ideia para evitar o agravamento dos sintomas.
Conclusão
A cafeína é uma substância comum encontrada em café, chá e bebidas energéticas, conhecida por sua capacidade de aumentar a pressão arterial, o que pode dificultar a eficácia dos medicamentos para pressão arterial. Além disso, a cafeína pode potencializar os efeitos de estimulantes, como o Sudafed (pseudoefedrina) e a teofilina (Theo-24), aumentando o risco de efeitos colaterais.
A cafeína também pode interferir no funcionamento de medicamentos para diabetes e ansiedade, exacerbando as condições que esses medicamentos tratam. No caso de pílulas anticoncepcionais orais, elas podem prolongar os efeitos da cafeína no organismo, potencialmente levando a efeitos colaterais prolongados.
Além disso, a cafeína pode reduzir a absorção dos hormônios da tireoide e aumentar os níveis de certos medicamentos antipsicóticos e antidepressivos no corpo. Mudanças na quantidade de cafeína consumida podem influenciar a eficácia desses medicamentos. Por isso, é importante que a ingestão de cafeína seja monitorada, e que qualquer ajuste seja feito com o auxílio de sua equipe de saúde, para garantir que os medicamentos funcionem corretamente e sem interferências negativas.
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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.
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Referências
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Texto traduzido e adaptado do original: https://www.goodrx.com/well-being/diet-nutrition/caffeine-interactions