Interações medicamentosas perigosas para terceira idade
Conforme você envelhece, especialmente após os 65 anos, pode notar que está tomando mais medicamentos, o que aumenta os riscos associados ao seu uso. Combinar certos fármacos pode elevar a chance de efeitos colaterais e interações medicamentosas, que podem variar de leves a sérias.
Isso acontece porque, com o envelhecimento, seu corpo processa os medicamentos de forma diferente e se torna mais sensível a eles. Alguns órgãos, como os rins, podem não eliminar os medicamentos com a mesma eficiência, e a absorção, distribuição e metabolização também podem se alterar com o tempo.
Por essa razão, os profissionais de saúde têm cautela ao prescrever medicamentos para idosos. Especialistas elaboraram uma lista de combinações que devem ser evitadas ou usadas com cuidado nessa faixa etária. A seguir, apresentamos nove interações que podem representar riscos significativos para os idosos.
1. Vários medicamentos que podem aumentar os níveis de potássio
O potássio é um eletrólito fundamental que auxilia as células de todo o corpo a funcionarem corretamente. Normalmente, os rins regulam os níveis de potássio, eliminando o excesso que o organismo não utiliza. No entanto, com o envelhecimento, a função renal diminui naturalmente, aumentando o risco de níveis elevados de potássio, ou hipercalemia.
Além disso, alguns medicamentos frequentemente utilizados podem elevar esses níveis, como certos fármacos para pressão arterial e insuficiência cardíaca, imunossupressores e até antibióticos. Suplementos de potássio, disponíveis sem receita, também podem contribuir para esse risco, principalmente quando combinados com outros medicamentos, o que é especialmente preocupante em adultos mais velhos.
Sintomas iniciais de hipercalemia podem incluir fadiga, fraqueza muscular, dormência, náuseas e vômitos. Caso você observe qualquer um desses sinais, é importante procurar um médico imediatamente, pois, em casos graves, a hipercalemia pode levar a uma parada cardíaca com risco de vida.
2. Opióides e benzodiazepínicos
Opióides, como a oxicodona, são prescritos para tratar dores agudas e crônicas, mas podem causar efeitos colaterais graves, como sonolência excessiva e depressão respiratória, que tendem a ser amplificados em adultos mais velhos. Benzodiazepínicos (BZDs), utilizados para convulsões e transtornos de ansiedade, apresentam riscos e efeitos semelhantes nessa faixa etária.
A combinação de opioides e BZDs pode resultar em efeitos colaterais aditivos, mesmo quando as doses são aparentemente apropriadas. Essa associação pode provocar fraqueza, tontura e aumentar o risco de quedas, além de potencialmente levar a uma overdose com risco de vida.
Quando a combinação desses medicamentos não pode ser evitada, é fundamental seguir rigorosamente as orientações médicas, utilizando a menor dose eficaz pelo menor tempo possível. É importante monitorar sintomas como fraqueza, sonolência e respiração lenta. Também é recomendável ter naloxona (Narcan) disponível e treinar cuidadores ou familiares quanto ao seu uso em situações de overdose de opióides.
3. Opióides e gabapentina
Assim como os benzodiazepínicos, a gabapentina pode aumentar os efeitos colaterais adversos quando usada juntamente com opióides. A gabapentina e medicamentos semelhantes, como a pregabalina (Lyrica), são frequentemente prescritos para tratar dores neuropáticas e convulsões, mas podem causar sonolência ou sedação.
A combinação de opioides com gabapentina pode intensificar a sedação, a depressão respiratória e o risco de quedas, motivo pelo qual essa associação geralmente é evitada. Contudo, em certas situações, pode ser necessário prescrever ambos, como durante a transição de um opioide para a gabapentina. Nesses casos, o médico fornecerá orientações detalhadas para o uso seguro dos medicamentos.
4. Vários medicamentos anticolinérgicos
Os medicamentos anticolinérgicos são utilizados no tratamento de diversas condições, desde a doença de Parkinson até a bexiga hiperativa. Existem centenas de fármacos com propriedades anticolinérgicas, ou seja, que bloqueiam a ação da acetilcolina, um neurotransmissor essencial para a função cerebral. Muitos remédios comuns para dormir e pílulas para alergia, como o Benadryl (difenidramina), também possuem esses efeitos.
Esses medicamentos podem representar riscos significativos para adultos mais velhos. Eles podem causar efeitos colaterais como confusão, boca seca e constipação, que tendem a se agravar com o avanço da idade. Além disso, o uso de anticolinérgicos foi associado a um aumento do risco de demência e quedas. O uso concomitante de vários medicamentos com essas propriedades pode intensificar esses efeitos adversos.
Portanto, é recomendável evitar o uso de múltiplos anticolinérgicos em idosos. Como muitos medicamentos de venda livre (OTC) se enquadram nessa categoria, é importante consultar sua equipe de saúde antes de utilizá-los. Os profissionais podem sugerir alternativas com menor risco de efeitos colaterais ou limitar o uso desses medicamentos a períodos curtos, se necessário.
5. Vários medicamentos ativos no SNC
Medicamentos que atuam no sistema nervoso central (SNC) afetam o cérebro e a medula espinhal e são usados para tratar diversas condições, como depressão, dor e distúrbios neurológicos. Entre esses fármacos, encontram-se antiepilépticos, antidepressivos, antipsicóticos (típicos e atípicos), benzodiazepínicos (BZDs), hipnóticos (as chamadas “drogas Z”) e opióides.
Em adultos mais velhos, o uso de medicamentos do SNC pode ser particularmente arriscado, especialmente quando combinados. Há evidências robustas de que o uso de três ou mais desses medicamentos está associado a um risco aumentado de quedas e fraturas.
Se você está preocupado com o número de medicamentos ativos no SNC que está utilizando, é importante conversar com seu médico. Muitos desses medicamentos requerem uma redução gradual da dose para evitar efeitos adversos, e o profissional poderá orientá-lo sobre a interrupção de fármacos desnecessários ou indicar alternativas mais seguras.
6. Diuréticos de lítio e de alça
O lítio é um estabilizador de humor amplamente utilizado no tratamento do transtorno bipolar. O excesso de lítio no organismo pode levar à toxicidade, por isso é necessário um monitoramento cuidadoso dos níveis do medicamento. Em adultos mais velhos, o risco de toxicidade aumenta, mesmo quando os níveis sanguíneos estão dentro da faixa considerada normal.
Além disso, alguns medicamentos podem interagir com o lítio. Um exemplo são os diuréticos de alça, como a furosemida. A combinação de lítio com esses diuréticos pode elevar os níveis do medicamento no corpo, aumentando o risco de toxicidade.
Se essa combinação for inevitável, seu médico poderá ajustar a dose de lítio para uma quantidade menor e monitorar rigorosamente seus níveis durante o tratamento. Informe-o imediatamente se você apresentar sintomas como náuseas, vômitos, diarreia ou tremores.
7. Interações com varfarina
Varfarina (Coumadin) é um medicamento utilizado em pessoas com histórico de coágulos, fibrilação atrial ou substituição de válvulas. Ela atua afinando o sangue para prevenir a formação de coágulos, mas essa ação também pode aumentar o risco de sangramentos.
Idosos tendem a ter um risco maior de sangramento grave ao usar Warfarina, e esse risco se eleva quando o medicamento é combinado com outros fármacos, inclusive alguns produtos de venda livre que podem causar sangramento ou aumentar os níveis de Warfarina. Entre os medicamentos que podem intensificar o risco de sangramento, destacam-se:
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Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)
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Corticosteróides, como a prednisona
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Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS)
Por outro lado, certas interações podem reduzir a eficácia da Varfarina, elevando o risco de coágulos. Exemplos desses medicamentos incluem a carbamazepina (Tegretol) e a fenitoína.
O tratamento com Warfarina requer exames de sangue regulares para assegurar que a dosagem seja segura e eficaz. Mesmo assim, é importante ficar atento a sinais de sangramento ou formação de coágulos. Informe seu médico imediatamente se notar sangramento nas gengivas ao escovar os dentes, facilidade para formar hematomas ou sangramento no nariz ou nas fezes. Em caso de suspeita de ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral (AVC), ligue para o SAMU (192) ou dirija-se ao hospital mais próximo.
8. Fenitoína e bactrim
Fenitoína (Dilantin) é um medicamento utilizado no tratamento de distúrbios convulsivos. Uma desvantagem é que ele apresenta diversas interações medicamentosas que podem aumentar seus níveis no organismo. Além disso, adultos mais velhos podem ter dificuldade em eliminar a fenitoína, o que pode levar ao acúmulo do fármaco, resultando em efeitos adversos e potencial toxicidade.
O Bactrim, comumente usado para tratar infecções do trato urinário e outras infecções bacterianas, pode interagir com a fenitoína e elevar seus níveis no corpo. Se um medicamento alternativo não for viável, seu médico poderá monitorar atentamente seus níveis de fenitoína. Informe-o imediatamente se notar sintomas como dificuldades de coordenação, fala arrastada ou confusão repentina.
9. Digoxina e antibióticos
Embora não seja a primeira opção terapêutica, a digoxina (Lanoxin) pode ser prescrita para tratar problemas de ritmo cardíaco e insuficiência cardíaca. O acúmulo excessivo de digoxina no organismo pode levar à toxicidade, um risco que aumenta em adultos mais velhos, e que pode ser agravado por interações medicamentosas.
Diversos antibióticos comuns, como as tetraciclinas, a eritromicina e o Bactrim, podem interagir com a digoxina, elevando seus níveis no corpo mesmo com doses baixas. Esses aumentos podem causar sintomas como náusea, vômito, diarreia e alterações na percepção das cores. Por esse motivo, o médico pode optar por prescrever um antibiótico que não interaja com a digoxina.
Quando você deve entrar em contato com seu médico sobre uma interação medicamentosa?
É recomendável entrar em contato com seu médico para discutir possíveis interações medicamentosas com antecedência. Muitas pessoas consultam especialistas em geriatria para gerenciar seus cuidados, mas, como você pode visitar diversos profissionais, é fundamental notificar cada um sobre todos os medicamentos que utiliza. Dessa forma, eles poderão evitar a prescrição de novos fármacos que possam interagir com os já existentes.
Uma maneira prática de fazer isso é levar uma lista atualizada de seus medicamentos para cada consulta. Além disso, é importante estar informado sobre as interações potenciais a serem evitadas, caso algum detalhe passe despercebido.
Conclusões
Conforme você envelhece, pode começar a apresentar sintomas que antes não notava, levando à prescrição de novos medicamentos ou à busca por remédios sem receita. Essa situação, combinada com a idade avançada, aumenta o risco de interações medicamentosas graves, por isso é fundamental conhecer como todos os fármacos que você utiliza interagem entre si.
Algumas combinações podem representar riscos significativos para adultos mais velhos, como o uso concomitante de medicamentos que aumentam os níveis de potássio, afinam o sangue ou causam sonolência. Outras interações podem elevar os níveis dos medicamentos no organismo, aumentando o risco de toxicidade.
Se você está preocupado em tomar muitos medicamentos ou com o risco de interações, converse com sua equipe de saúde. Com a orientação adequada, é possível evitar interações desnecessárias e minimizar os riscos para a sua saúde.
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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.
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Referências
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American Society of Consultant Pharmacists. (nd). Não use três ou mais medicamentos ativos no sistema nervoso central (antidepressivos, benzodiazepínicos, medicamentos Z [zopiclona, eszopiclona e zaleplon], opioides, gabapentinoides, antipsicóticos, antiepilépticos), especialmente em adultos mais velhos . American Academy of Family Physicians.
Gray, SL, et al. (2020). Associação entre medicamentos que atuam no sistema nervoso central e lesões relacionadas a quedas em idosos residentes na comunidade: Um novo estudo de coorte de usuários . The Journals of Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences .
Shendre, A., et al. (2018). Influência da idade na dose de varfarina, controle de anticoagulação e risco de hemorragia . Farmacoterapia .
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Texto traduzido e adaptado do original: https://www.goodrx.com/health-topic/senior-health/medication-considerations-for-elderly
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