6 maneiras de ajudar alguém com ansiedade

Escrito por

Wilton de Andrade

Última atualização

02/10/2024

Aprenda como ajudar alguém com ansiedade

É provável que você conheça alguém que sofre de ansiedade. Pode ser um membro da família — uma criança, adolescente, cônjuge ou pai — ou talvez um amigo ou vizinho. Nos EUA, quase 1 em cada 3 adultos já enfrentou ansiedade em algum momento.

Felizmente, existem maneiras de identificar quando alguém está sofrendo de ansiedade e ações que você pode tomar para ajudar.

No Brasil, a ansiedade também é uma questão significativa de saúde mental. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade, com cerca de 9,3% da população afetada. Ao compararmos com os EUA, onde cerca de 31% dos adultos enfrentam ansiedade ao longo da vida, o Brasil também apresenta números alarmantes, reforçando a importância de identificar e tratar essa condição.

Como você pode ajudar alguém com ansiedade?

Pode ser difícil saber o que dizer ou fazer quando um ente querido está enfrentando ansiedade. Se alguém que você conhece está passando por isso, aqui estão algumas coisas que você deve e não deve fazer para apoiá-lo da melhor maneira possível.

1. Ouça com atenção

Comece tentando entender as preocupações do seu ente querido. Dedicar um tempo para compreender como ele se sente mostrará que você está genuinamente interessado em ajudar. Repetir o que ele diz em suas próprias palavras pode demonstrar que você está ouvindo atentamente.

2. Apoie-os na obtenção de ajuda

Ofereça-se para ajudar seu ente querido a encontrar apoio. A ansiedade pode ser muito difícil de lidar e, em alguns casos, tende a piorar com o tempo. No entanto, terapias, medicamentos e grupos de apoio podem ser eficazes. Converse com ele sobre as diferentes opções de tratamento disponíveis e ofereça ajuda para encontrar um programa ou profissional adequado.

3. Capacite-os para se concentrarem no que podem controlar

Muitas pessoas com ansiedade se preocupam com coisas fora de seu controle, o que pode fazê-las sentir-se impotentes. Você pode apoiar seu ente querido incentivando-o a pensar no que ele pode controlar em situações que causam ansiedade. A partir disso, ajude-o a identificar maneiras de agir. Isso pode não funcionar em todos os casos, mas muitas vezes ajuda a pessoa a se sentir mais fortalecida e no controle.

Por exemplo, se seu ente querido estiver preocupado em comparecer a um evento social, peça que ele compartilhe seus medos específicos. Em seguida, ajude-o a refletir se há algo que ele possa fazer para evitar que esses medos se concretizem, como criar iniciadores de conversa ou praticar a socialização antecipadamente.

Se não houver nada que possa ser feito para se preparar, incentive-o a aceitar essa realidade. Além disso, ajude-o a criar uma lista de habilidades de enfrentamento — como respiração profunda — para gerenciar a ansiedade quando ela surgir.

4. Não invalide

Não minimize os medos do seu ente querido. Pessoas com ansiedade muitas vezes sabem que estão exagerando, e dizer isso a elas provavelmente não ajudará. Em vez disso, pode parecer que você não as entende.

Frases como "vai passar" ou "apenas relaxe" podem parecer inofensivas, mas podem fazer com que a pessoa com ansiedade se sinta ainda mais isolada. Você não precisa concordar com tudo o que ela diz, mas pode validar seus sentimentos reconhecendo que ter esses pensamentos pode ser assustador ou difícil.

5. Não contribua para a evasão

Quando alguém com quem você se importa tem ansiedade, é natural querer ajudá-lo a se sentir melhor. Algumas pessoas podem tentar ajudar permitindo que a pessoa evite situações que provocam ansiedade. Isso é chamado de habilitação ou acomodação.

Por exemplo, se seu ente querido estiver nervoso demais para fazer uma ligação, você pode se sentir tentado a oferecê-la por ele. Embora bem-intencionada, essa atitude pode, na verdade, piorar a ansiedade a longo prazo, pois impede que ele enfrente seus medos e aprenda a lidar com tarefas difíceis.

Em vez disso, encoraje-o a enfrentar a ansiedade tanto quanto possível. Ao invés de fazer a ligação por ele, você pode oferecer apoio ao sentar-se ao lado dele enquanto ele faz a chamada. Pode ser difícil vê-lo lutar, especialmente no início, mas saiba que, a longo prazo, você está ajudando seu ente querido a superar a ansiedade.

6. Cuide-se

Não se esqueça de cuidar de si mesmo também. Ajudar um ente querido com ansiedade pode ser exaustivo. Reserve tempo para conversar com outras pessoas, fazer atividades por você e buscar equilíbrio em sua própria vida.

No Brasil, existem grupos de apoio, como o CVV (Centro de Valorização da Vida), que oferece suporte emocional para pessoas em situações de crise, e a ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos), que disponibiliza grupos de apoio para familiares de pessoas com transtornos mentais, incluindo ansiedade. Esses grupos proporcionam um espaço para se conectar com outras pessoas que estão passando por experiências semelhantes e aprender habilidades de comunicação e enfrentamento.

Além disso, você pode considerar consultar um terapeuta para obter apoio adicional. Encontrar maneiras de cuidar de si mesmo é fundamental para garantir que você esteja na melhor posição para ajudar seu ente querido.

Você deve incentivar seu ente querido a procurar ajuda profissional?

Sim, se você suspeita que um ente querido está sofrendo de ansiedade, incentive-o a procurar um profissional de saúde mental. Um especialista poderá avaliar o caso e discutir as opções de tratamento. Dependendo da gravidade da ansiedade, seu ente querido pode se beneficiar de terapia, medicação ou uma combinação de ambos.

No Brasil, você pode buscar atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que oferece apoio gratuito para pessoas com transtornos mentais, incluindo ansiedade. Outra opção é ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo número 188, disponível 24 horas por dia, para suporte emocional e encaminhamentos. Você também pode pesquisar profissionais e serviços de saúde mental em clínicas particulares ou através de planos de saúde, buscando o tratamento mais adequado para seu ente querido.

E se eles recusarem ajuda?

Não é incomum que pessoas com ansiedade ou outras condições de saúde mental recusem ajuda. Você não pode forçar alguém a buscar tratamento, exceto em casos em que ela represente perigo para si mesma ou para os outros, ou esteja incapaz de cuidar de si.

Ver um ente querido lutando contra a ansiedade pode ser difícil, mas pressioná-lo demais pode levá-lo a se fechar. Em vez disso, considere as seguintes abordagens quando alguém recusa ajuda:

Pergunte como você pode ajudar. Eles podem não querer ajuda para obter tratamento, mas podem estar abertos a outras formas de apoio que você talvez não tenha considerado.
Incentive-os a encontrar alguém com quem se sintam à vontade para conversar. Falar com um líder religioso, como um padre ou rabino, pode ser um bom começo. Para crianças, adolescentes ou estudantes, um conselheiro escolar pode ser um ótimo recurso.
Respeite a autonomia deles. Eles podem não estar prontos para a mudança no momento, e pressioná-los não é construtivo. Deixe claro que você respeita a decisão deles e está disponível caso algo mude.

Quais são algumas estratégias de enfrentamento que podem ajudar alguém com ansiedade?

As estratégias de enfrentamento são fundamentais para gerenciar a ansiedade e podem ser utilizadas sozinhas ou em conjunto com o tratamento.

Dormir

A falta de sono pode piorar a ansiedade, e a própria ansiedade pode dificultar uma boa noite de descanso. Incentive seu ente querido a adotar bons hábitos de sono, como manter um horário regular para dormir e acordar. Lembre-o de desligar os eletrônicos antes de dormir e evite cochilos durante o dia. Se o sono continuar sendo um problema, sugira que ele converse com um médico ou consulte um especialista em sono.

Conectividade social

O apoio social é benéfico para pessoas com ansiedade, ajudando-as a se sentirem menos sozinhas e distraí das suas preocupações. Reserve um tempo para conversar, ligar e passar momentos juntos com seu ente querido. Além disso, incentive-o a fortalecer sua rede social.

Se fazer amigos for difícil, sugira atividades que naturalmente reúnam pessoas. Você também pode recomendar grupos de apoio, como o NAMI Connection, que oferece encontros gratuitos liderados por pares, online e presencialmente, nos Estados Unidos.

Exercício

O exercício traz muitos benefícios para a saúde, incluindo a redução do estresse e da ansiedade. Ele também pode melhorar o sono e servir como uma ótima maneira de se conectar com outras pessoas. Incentive seu ente querido a encontrar uma atividade física de que goste, como caminhadas, ioga ou até esportes. Qualquer forma de movimento pode proporcionar benefícios físicos e emocionais.

Respiração profunda

A respiração profunda envolve inspirar e expirar de forma longa e profunda, utilizando o diafragma. Essa técnica intencional de respirar tem mostrado eficácia na redução do estresse e da ansiedade.

Existem vários exercícios de respiração que você pode praticar com seu ente querido. Um dos métodos mais simples para praticar a respiração profunda é:

Encontre uma posição confortável e relaxante.
Expire completamente e, em seguida, inspire lentamente por 4 segundos.
Prenda a respiração suavemente e depois expire por 6 segundos.
Repita esse ciclo várias vezes.

Essa prática pode ajudar a acalmar o corpo e a mente, proporcionando alívio para a ansiedade.

Atenção plena

Mindfulness é a prática de estar consciente do que você está vivenciando no momento, incluindo:

Pensamentos
Sentimentos
Sensações físicas
Aspectos do ambiente, como sons e imagens

Estudos mostram que praticar mindfulness regularmente pode ajudar a reduzir a ansiedade e a depressão. Existem diversas maneiras de praticá-lo, como fazer um curso ou ouvir meditações guiadas online ou por meio de um aplicativo. Você também pode incentivar seu ente querido a praticar mindfulness por meio de meditação, ioga ou passando tempo na natureza.

Quais são os sinais de que alguém tem ansiedade?

A ansiedade é uma preocupação que pode parecer intensa e difícil de controlar. Embora todos se preocupem de vez em quando, quando a preocupação começa a interferir na vida de uma pessoa, ela pode estar sofrendo de um transtorno de ansiedade.

As pessoas podem sentir ansiedade em relação a várias áreas, como família, trabalho ou relacionamentos. Algumas pessoas desenvolvem ansiedade em situações sociais ou desenvolvem medo excessivo de certos lugares ou objetos.

Você pode identificar se a ansiedade está fora de controle quando as preocupações impedem um ente querido de realizar tarefas necessárias, como ir à escola ou interagir com outras pessoas. A ansiedade também é um problema quando impede a pessoa de desfrutar a vida.

A ansiedade pode causar uma série de sintomas, muitos dos quais são invisíveis, mas podem ser físicos. Além da preocupação, pessoas com ansiedade podem experimentar:

Irritabilidade
Problemas para dormir
Fadiga
Dores de cabeça, estômago ou outras dores
Tontura
Tremores
Sensação de inquietude ou tensão
Dificuldade de concentração

Algumas pessoas também passam por episódios agudos de medo extremo, conhecidos como ataques de pânico. Esses ataques podem surgir de forma repentina e geralmente envolvem sintomas físicos além da ansiedade intensa.

Os sinais de um ataque de pânico incluem:

Tontura
Coração acelerado
Dor no peito
Dificuldade para respirar
Medo de perder o controle

Se você reconhecer esses sinais em um amigo ou familiar, é provável que eles estejam lidando com ansiedade. Como ente querido, você pode desempenhar um papel importante ajudando-os a reconhecer e lidar com essa condição.

Conclusões

Quase todos experimentam ansiedade em algum momento da vida, mas para aqueles com um transtorno de ansiedade, o medo e a preocupação podem se tornar debilitantes.

É difícil ver um ente querido sofrer e ainda mais complicado saber como ajudar. Se alguém que você conhece tem ansiedade, você pode oferecer suporte ouvindo, compartilhando informações sobre estratégias de enfrentamento e tomando cuidado para não reforçar a situação. Além disso, converse sobre as opções de tratamento disponíveis e ofereça ajuda para encontrar um profissional ou programa de saúde mental.

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Observação: este conteúdo não se destina a substituir aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro profissional de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter sobre uma condição médica.